Entre 60.000 e 90.000 pessoas terão abandonado as suas casas no nordeste da Síria desde o início de uma ofensiva da Turquia na quarta-feira, indicaram várias organizações não-governamentais.

“Desde quarta-feira, mais de 60.000 pessoas ficaram deslocadas, fugindo dos setores na fronteira (com a Turquia), em particular nas zonas de Ras al-Ayn e Derbassiyé”, referiu o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, precisando que os deslocados se dirigiam para territórios mais a leste, na direção da cidade de Hassaké.

[A ofensiva turca segundo os que vivem na fronteira:]

Numa declaração assinada por 14 organizações, incluindo os Médicos Sem Fronteiras, Oxfam e Conselho Norueguês dos Refugiados, calcula-se que já haja mais de 90.000 deslocados internos na região. O exército turco apoiado por alguns rebeldes sírios lançou uma operação militar contra as zonas controladas pelas forças curdas no nordeste da Síria, apesar dos numerosos alertas internacionais.

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Um dos objetivos da operação é criar uma zona tampão de cerca de 30 quilómetros de extensão a partir da sua fronteira no norte da Síria e deslocar para a região uma parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios que vivem na Turquia.

“Cerca de 450.000 pessoas vivem a menos de cinco quilómetros da fronteira” com a Turquia “elas correm perigo se todas as partes não utilizarem a máxima contenção e se não tiverem como prioridade a proteção dos civis”, assinala a declaração. Alerta ainda que um grande número de civis arrisca deixar de ter acesso à ajuda humanitária.

A resposta humanitária essencial ficará em causa se a instabilidade obrigar as agências de ajuda internacionais a suspenderem ou deslocarem os seus programas e pessoal, como já acontece”, adiantam as ONG.

Numa declaração separada, a ONG Save The Children chama a atenção para a possibilidade de “um desastre humanitário iminente”.

UE “vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance”, garante Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República portuguesa reconhece esta situação como “muito preocupante”. “Há já uma posição conjunta da União Europeia e Portugal perfilha essa posição que é de preocupação”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas em Atenas, na Grécia, à margem da reunião do Grupo de Arraiolos, um fórum informal criado em 2003, por iniciativa do então Presidente de Portugal, Jorge Sampaio, que junta chefes de Estado da União Europeia sem poderes executivos.

Marcelo deu a garantia de que a União Europeia “vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance”, para “reduzir a tensão” e “manter abertos caminhos de paz”. “A Europa não vai largar este tema”, assegurou.

[Artigo atualizado às 18h32 com as declarações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa]