O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que chegou a um acordo parcial com a China para dar trégua à guerra comercial que tem dividido os dois países, avança o The Washington Post. A Bloomberg também já tinha avançado que o acordo parcial estaria para breve.
Trump esteve reunido com os responsáveis do governo chinês durante a tarde desta sexta-feira, em Washington. No final, disse aos jornalistas que o acordo era “substancial”, mas que ainda era preciso trabalhar nalguns detalhes, o que pode demorar ainda algum tempo. Espera-se que o acordo só seja assinado pelas duas partes em novembro.
Neste acordo parcial, a China vai aceitar fazer algumas mudanças nos seus planos agrícolas e os EUA poderão baixar as pesadas tarifas que impuseram aos produtos chineses. De acordo com o The New York Times, os chineses terão de adquirir entre 40 e 50 mil milhões de dólares de produtos agrícolas norte-americanos e concordar com uma série de linhas orientadoras sobre como gerir a sua moeda. O acordo irá também incluir disposições sobre propriedade intelectual, nomeadamente sobre a transferência forçada de tecnologia.
Este pode ser o início de um outro acordo mais alargado que Trump e Xi Jinping, o presidente chinês, assinarão no final do ano.
Os primeiros sinais de otimismo do dia levaram a bolsa de Nova Iorque a registar durante o início da manhã uma subida acentuada. Às 15h05 (hora de Lisboa), o índice Dow Jones subia 1,45% para 26.880,67 pontos e o Nasdaq, dominado pelo setor tecnológico, avançava 1,66% para 8.082,43 pontos.
O encontro desta sexta-feira incluiu o vice-presidente chinês Liu He, pelo que mais medidas podem ainda ser anunciadas.
Ainda esta sexta-feira, no decorrer das reuniões entre o executivo chinês e os responsáveis norte-americanos, o presidente dos EUA fez uma partilha no Twitter — escreveu que estavam a acontecer nas reuniões entre os dois países “coisas boas”. Além disso, o chefe de estado norte-americano referiu que uma dessas “coisas boas” é que, ao chegar a um acordo com a China, não precisa de passar pelo “complexo processo de aprovação do Congresso”.
Good things are happening at China Trade Talk Meeting. Warmer feelings than in recent past, more like the Old Days. I will be meeting with the Vice Premier today. All would like to see something significant happen!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 11, 2019
Como avançou o The New York Times, o Steven Mnuchin, o secretário do Tesouro dos EUA, disse que “os ambos os lados tiveram dois dias produtivos de negociações de discussões”. Contudo, não avançou a possibilidade de existir ou não um acordo.
Trump dispara. China retalia. O que está em causa na “guerra comercial”?
Desde o início do ano que as relações entre a China e os EUA se têm deteriorado no seguimento da guerra comercial. Segundo Trump, os antigos acordos económicos prejudicavam a economia norte-americana. Ao impor novas tarifas para a China, o país oriental ripostou também com tarifas a produtos dos EUA. Dos dois lados estão empresas que pedem o fim a este conflito económico por isto prejudicar a produção e venda de produtos.
Guerra comercial com EUA: China retalia e anuncia tarifas de quase 70 mil milhões de euros
Se os dois países não chegarem a nenhum acordo esta sexta-feira, as relações podem deteriorar-se ainda mais. O governo norte-americano decidiu no verão adiar para dezembro as taxas alfandegárias de 10% para vários produtos chineses (incluindo telemóveis, computadores portáteis ou consolas para jogos) para “não arruinar o Natal”. As taxas de 300 mil milhões de dólares (cerca de 271 mil milhões de euros) estavam inicialmente previstas para o início de setembro, mas os conselheiros para o Comércio Externo apelaram ao espírito natalício do Presidente dos Estados Unidos da América. Desta forma, as lojas norte-americanas poderiam abastecer as prateleiras antes da época do Natal.
Não havendo acordo, numa guerra comercial o cenário pode mudar de dia para noite, com os primeiros sinais a sentirem-se na bolsa. Ainda em setembro, na Assembleia Geral das Nações Unidas, Donald Trump atacou as práticas comerciais de Pequim e disse que não aceitaria um “mau acordo” nas negociações comerciais com a China.
*Em atualização