Os polícias detidos por manifestantes antigovernamentais foram libertados na noite de quinta-feira, num dia em que a principal organização indígena do Equador rejeitou o diálogo com o Governo e apelou à radicalização dos protestos.

Milhares de indígenas em protesto na capital do Equador contra aumento dos combustíveis

“Não há diálogo com um Governo assassino”, defendeu a Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador num comunicado assinado pelo seu presidente, Jaime Vargas, num momento em que os protestos contra o aumento dos preços do gás já causaram cinco mortos.

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Enquanto o chefe de Estado, Lenin Moreno, se mostrava na quinta-feira otimista em garantir um progresso nas negociações, a tensão aumentou quando os manifestantes indígenas anunciaram a ‘captura’ de dez polícias, que foram finalmente libertados durante a noite.

A retirada dos subsídios governamentais aos preços dos combustíveis, na semana passada, mergulhou o país em tumultos, protestos, ações de vandalismo, confrontos, bloqueios de autoestradas e suspensão de partes da sua indústria petrolífera. Um líder indígena e quatro outras pessoas morreram nos atos de violência, segundo o gabinete do procurador da República, com fontes governamentais a avançarem o número de duas vítimas mortais.

Os cortes nos subsídios aos combustíveis no Equador fazem parte das medidas anunciadas como contrapartidas ao empréstimo de 4,2 mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Os grupos indígenas condenaram o acordo com o FMI, dizendo que as medidas de austeridade vão agravar a desigualdade económica.

Os confrontos já provocaram 266 feridos e 864 detidos, se bem que 80% destes já tenham sido libertados por falta de provas. Devido aos tumultos na capital, Moreno mudou o Governo para a cidade portuária de Guayaquil.