A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique anunciou este domingo que dez mesas de voto onde estão inscritos 5.400 eleitores não vão abrir na terça-feira na província de Cabo Delgado, norte do país, devido à destruição provocada por ataques armados.

“As populações [das aldeias atacadas] dispersaram-se, infelizmente sem a sua documentação, o que tornaria impossível identificarem-se no dia da votação”, referiu hoje Abdul Carimo, presidente da CNE, em declarações aos jornalistas.

O dirigente falava durante uma conferência de imprensa em Quelimane, capital da província da Zambézia, centro do país, onde se encontra para acompanhar os preparativos do ato eleitoral. “Há uma impossibilidade de votação”, acrescentou, “e a lei não prevê repetição” da votação, noutra data.

As dez mesas de voto que não vão abrir estão localizadas nos distritos de Muidumbe, Macomia e Mocímboa da Praia.

A decisão foi tomada em sessão plenária da CNE, realizada no sábado, órgão que “recebeu declarações de três distritos de Cabo Delgado que revelavam a impossibilidade de se realizarem eleições nalgumas mesas de alguns postos administrativos”, disse o presidente da CNE.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Desde que se iniciou, há dois anos, a vaga de ataques armados de aparente inspiração extremista islâmica, mas sem que se saiba quem são os mentores, já terá feito 250 mortos na província de Cabo Delgado, norte do país — onde avançam projetos de exploração de gás natural.

Um total de 13,1 milhões de eleitores moçambicanos vão escolher na terça-feira o Presidente da República, 250 deputados do parlamento, dez governadores provinciais e respetivas assembleias.

As sextas eleições gerais de Moçambique contam com quatro candidatos presidenciais e 26 partidos a concorrer às legislativas e provinciais, sendo que só os três partidos com assento parlamentar no país (Frelimo, Renamo e MDM) concorrem em todos os círculos eleitorais.