Um luso-francês de 69 anos foi detido sexta-feira pelas autoridades quando chegava ao aeroporto de Glasgow, na Escócia. A polícia pensou tratar-se de Xavier Dupont de Ligonnès, um francês que em 2011 matou a mulher, os quatro filhos e os dois cães e os enterrou no jardim da casa da família. E que é, desde então, procurado internacionalmente.

Tudo começou com uma denúncia anónima feita à Interpol, através de Londres. O aristocrata francês que em 2011 assassinou toda a família e fugiu viajaria para Glasgow durante o fim de semana com um passaporte roubado pertencente a um cidadão francês, filho de um português, com o nome Guy João. A informação, adiantam os jornais britânicos e franceses, colaria com uma outra suspeita que chegou a construir-se: Xavier Dupont de Ligonnès, que nunca foram encontrado, teria feito uma cirurgia plástica e teria uma outra família na Escócia.

A polícia francesa preparou uma equipa para passar a pente fino o voo onde seguiria aquele homem, a partir do aeroporto de Charles de Gaulle, nos arredores de Paris. Porém, uma informação, também da Interpol, alteraria os planos das autoridades. Guy João, ou Xavier Dupont, teriam mudado a viagem para sexta-feira, não dando tempo aos franceses de o apanhar em território parisiense. A polícia francesa pediu então às autoridades de Glasgow que lhe deitassem a mão mal ele chegasse à Escócia. E assim foi.

O suspeito, que não ofereceu resistência à detenção, foi detido. E a leitura parcial da sua impressão digital era correspondente à do homem que era procurado internacionalmente há oito anos. “Temos o vosso homem”, anunciaram de imediato as autoridades escocesas às francesas segundo Le Parisien. A polícia francesa ainda pediu que lhes enviassem as impressões digitais do suspeito detido, mas os ingleses recusaram. Os franceses ainda tiveram tempo de ver as imagens do sistema de videovigilância do aeroporto de Charles de Gaulle e, segundo agora dizem, não encontraram semelhanças físicas com os suspeitos. Mas anos passados, nada significaria.

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Segundo o The Guardian, o suspeito de origem portuguesa ficou detido toda a noite. Logo pela manhã a casa de Guy João, em Limay, arredores de Paris, foi cercada por jornalistas que tentavam falar com vizinhos e perceber como não tinham percebido que ele seria, afinal, Xavier Dupont. Mas os relatos dos vizinhos mostravam que era impossível ser ele: Guy João era filho de português, nascido ali, trabalhou toda a vida na Renault e era casado com uma escocesa, por isso viajava tanto para a Escócia. Mais, de facto, em 2014, tinham-lhe roubado o passaporte.

Já perto da hora de almoço, no entanto, o luso-francês seria sujeito a um teste de DNA que revelaria que, afinal, os seus vizinhos tinham razão. Guy João não era Dupont, que continua desaparecido após o macabro crime.

O crime aconteceu em 2011 e Nantes e os cadáveres da sua família foram descobertos três semanas depois de vizinhos e familiares estranharem a sua ausência. E-mails encontrados o computador do suspeito mostram que ele próprio se descrevia como “um ser superior”. Já várias teses existiram sobre o seu paradeiro, mesmo as que dizem que se suicidou. Porém o seu corpo nunca foi encontrado.