A Fundação da Santa Cruz da Vale dos Caídos, Espanha, vai ser dissolvida após a exumação do ditador Francisco Franco marcada para dia 22 ou 23, noticia o El País. O espaço pode vir a ser transformado num cemitério municipal ou num museu da história ditatorial espanhola, embora se esteja a ponderar abrir um concurso de ideias para o futuro do local onde o ditador está sepultado desde a sua morte. O destino final, no entanto, terá de ser decidido pelo Estado e pelo clero.

O Vale dos Caídos foi constituído em 1957 para “orar a Deus pelas almas dos mortos na Cruzada Nacional, pedir as bênçãos do Altíssimo para a Espanha e trabalhar pelo conhecimento e implementação da paz entre os homens com base na justiça social cristã”. O monumento, embora grandioso, foi feito com pouco planeamento arquitetónico e com materiais sem qualidade pela comunidade beneditina. Está, à conta disso, com infiltrações e marcas de humidade. As obras para o corrigir custariam 13 milhões de euros.

Como o Vale dos Caídos era essencialmente um monumento de ode ao franquismo, Espanha quer dar-lhe um novo fôlego. Hilari Raguer, beneditino e historiador, comentou ao El País que o monumento pode ser convertido em cemitério municipal — atualmente, explica o jornal, a basílica é um cemitério religioso e a cripta é um cemitério civil com os restos mortais de 33,8 mil pessoas. “Uma presença religiosa que orasse por todas as vítimas seria bom, mas deve haver uma reinterpretação do monumento com que a comunidade se sinta confortável”, argumenta.

Quando Franco sair do Vale dos Caídos, o monumento deixará de ser uma homenagem a um ditador. Francisco Franco será transladado para o cemitério de El Pardo, em Madrid. Ao longo da história, outros ditadores foram enterrados ora em mausoléus monumentais, ora em jazigos privados ou perdidos pelo tempo. Veja onde estão alguns ditadores do mundo na fotogaleria.

(artigo corrigido às 15h20) 

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