A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, exigiu esta terça-feira, nos Encontros Anuais do FMI, uma maior inclusão de mulheres nos mercados de trabalho, dizendo que quando um país ignora “parte das suas capacidades” enfraquece o desempenho económico.

Kristalina Georgieva fez hoje a sua primeira intervenção nos Encontros Anuais do FMI e Banco Mundial, em Washington, Estados Unidos da América, num diálogo dedicado ao tema “Mulheres, Trabalho e Liderança”.

Nesta ocasião, reiterou que as sociedades não podem atingir objetivos de desenvolvimento sustentável sem incluir a totalidade das mulheres na força de trabalho, a começar pela educação e acesso igual ao financiamento e recursos.

“É simples, se ignorar parte das suas capacidades, vai ficar aquém no desempenho económico”, avisou a diretora-geral, que assumiu funções no dia 01 de outubro.

A economista lamentou que atualmente mais de 1,7 mil milhões de mulheres em todo o mundo tenham restrições legais sobre os trabalhos que têm autorização para desempenhar.

Num estudo publicado hoje pelo FMI, para “Reduzir e redistribuir trabalho não remunerado”, os especialistas chegam à conclusão de que se o trabalho não remunerado fosse contado nas estatísticas económicas, o Produto Interno Bruto mundial iria aumentar em 35% a 40%.

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Neste tipo de trabalho não remunerado incluem-se as tarefas domésticas, os cuidados às crianças ou idosos, limpezas, cozinha e também a agricultura de subsistência.

A diretora-geral do FMI considerou que um dos melhores serviços das instituições mundiais é estar a “divulgar argumentos baseados em evidência racional” de como a paridade de género é positiva.

Segundo a chefe do FMI, todas as pessoas podem beneficiar da inclusão de mulheres nos locais de trabalho, sendo elas consideradas menos corruptas, com mais modéstia e mais dirigidas para o bem comum do que para o egoísmo, assim como estão mais dispostas a pôr mais esforço para a conclusão de um objetivo.

Georgieva incitou as mulheres a nunca aceitarem salários menores do que os dos colegas homens, já que também passou pela mesma experiência, de ter salário menor durante longos anos, porque não sabia que tinha de negociar.

A economista búlgara, antiga diretora executiva do Banco Mundial, recordou que trabalhou mais horas de trabalho e se esforçou mais do que muitos colegas homens para chegar ao mesmo estatuto.

“Por trabalhar mais e mais duro, tornei-me melhor do que eles”, opinou.

Segundo algumas pesquisas, as mulheres fazem uma média diária de mais 2,7 horas do que os homens de trabalho não pago, indicou a economista.

“O mais surpreendente” para a diretora do FMI é que as estatísticas diferem muito de país para país, como no Paquistão, onde as mulheres fazem 1000% mais trabalho não pago do que os homens. Na Noruega, as mulheres trabalham e não são pagas em mais 20% do que homens.