Há muito que Keith Schilling está numa cruzada contra a imprensa sensacionalista, tendo já defendido nomes tão sonantes como Naomi Campbell ou J. K. Rowlling, com vários meios britânicos a associarem ainda à carteira de clientes o português Cristiano Ronaldo, que em 2008 venceu um processo contra o The Sun. Agora, na guerra que opõe os duques de Sussex aos tabloides britânicos, é Schilling, o especialista em direitos de imagem, proteção de dados e difusão de informação, quem vai comandar a defesa real.

No início do mês, o príncipe Harry emitiu um comunicado onde se lia que a mulher tornara-se “numa das vítimas da imprensa tabloide britânica” e anunciou que ia processar o The Daily Mail depois de este ter publicado parte de uma carta escrita à mão por Meghan Markle, carta essa endereçada ao pai. Três dias depois, Harry voltava a fazer manchetes ao ser público que ia processar mais dois tabloides por alegadas escutas telefónicas ilegais. A informação, que começou a ser difundida por vários jornais britânicos, viria a ser confirmada pelo palácio de Buckingham, sendo que os processos visam os jornais The Sun e The Daily Mirror.

Ao invés de optar pela firma de advogados Harbottle & Lewis, que costuma representar a família real britânica, Harry e Meghan escolheram Keith Schilling, de 63 anos, conhecido pela alcunha de “rottweiler”, segundo alguns meios de comunicação, devido à “ferocidade” com quem luta pela privacidade dos clientes em tribunal. Outra alcunha, escreve a Vanity Fair que cita o Daily Mail, é de “silenciador”, uma vez que consegue abafar certas informações a seu favor.

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Schilling está há muito associado à defesa de celebridades, sobretudo depois de em 2004 ter dado a vitória a Naomi Campbell, quando esta processou o The Mirror depois de o diário ter publicado fotografias da supermodelo a sair de uma clínica de desintoxicação. O despacho contribuiu para que o direito à privacidade fosse reconhecido no Reino Unido.

A este caso juntam-se outros: em 2008 defendeu a escritora J. K. Rowling, autora da saga “Harry Potter”, quando um meio de comunicação publicou uma fotografia de um dos seus filhos; em 2013, foi novamente representada por ele contra o The Daily Mail devido à publicação de um artigo onde alegadamente se dramatizava o passado da escritora enquanto mãe solteira. Schilling defendeu ainda, em 2010, Brad Pitt e Angelina Jolie. O advogado não saiu vitorioso em todos os casos, é certo, mas no CV tem outro detalhe importante: em 2011, conseguiu que o News of the World pagasse uma indemnização no valor de 22 mil euros ao ex-futebolista Andy Gray num processo que envolveu escutas telefónicas.

Keith Schilling é o sócio principal e o cofudandor da firma de advogados Schillings, criada em 1984. Filho de um pai que muitas vezes se encontrou numa situação de desemprego e de uma mãe que trabalhou numa cadeia de supermercados, deixou a escola aos 15 anos para trabalhar como rececionista num escritório de advocacia especializado em media — trabalhava durante o dia e estudava à noite. Frequentou a faculdade e ficou 12 anos nessa empresa, até optar por um caminho a solo aos 28 anos. Na lista de primeiros clientes estão nomes como Jack Nicholson, Rod Stewart e Sean Connery, este último defendido nos anos 70 contra um assessor financeiro, com Schilling a encher os bolsos do ator com 4 milhões de libras (4.5 milhões de euros). A vitória afinou a sua reputação, acrescenta o espanhol El País.

Michael Douglas, Catherine Zeta Jones,  Lance Amstrong e até Cristiano Ronaldo já terão recorrido ao seu escritório de advogados. Em 2008, fez parte da lista da Time dos 100 advogados mais poderosos de Inglaterra e, um ano depois, era nomeado pela segunda vez consecutiva como uma das mil pessoas mais influentes de Londres, de acordo com o The Evening Standar. E se em tempos cobrava 500 euros à hora pelos seus serviço, hoje em dia já não é possível calcular os honorários.