Os membros europeus do Conselho de Segurança da ONU pediram uma nova reunião à porta fechada sobre a ofensiva militar turca na Síria que deve realizar-se na quarta-feira, disseram esta terça-feira fontes diplomáticas à agência France Presse. A reunião foi pedida pela Bélgica, Alemanha, França, Polónia e Reino Unido.

Uma primeira reunião na quinta-feira revelou as divisões do Conselho e resultou numa declaração apenas dos europeus que pediam uma suspensão da ofensiva de Ancara.

Erdogan anuncia a morte de 109 combatentes curdos e exige neutralidade à União Europeia

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Rússia e a China bloquearam depois na sexta-feira um texto dos Estados Unidos que exigia também o fim da operação turca no norte da Síria. Um diplomata que não quis ser identificado indicou que a Rússia poderá novamente opor-se a um consenso.

Moscovo, que já vetou 13 vezes resoluções do Conselho de Segurança desde o início da guerra na Síria em 2011, poderá ficar cada vez mais isolado na ONU.

Além dos Estados Unidos que exigem cada vez mais claramente uma paragem imediata da ofensiva militar, com sanções a ajudar, a China pediu esta terça-feira à Turquia para “suspender a sua ação militar e encontrar o caminho correto de uma resolução política”.

As forças de Ancara lançaram a ofensiva a 9 de outubro e desde então tomaram uma faixa fronteiriça de perto de 120 quilómetros.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) divulgou um balanço com 70 civis mortos, assim como 135 combatentes das Forças Democráticas Sírias (FDS, dominadas pelas YPG) e 120 combatentes pró-turcos.

Ancara deu conta da morte de cinco soldados turcos e outros 20 civis morreram devido ao disparo de rockets a partir da Síria contra cidades turcas.

A ofensiva da Turquia provocou ainda o êxodo de 160.000 pessoas, segundo a ONU, e as autoridades curdas na Síria anunciaram esta terça-feira a suspensão das atividades de todas as organizações não-governamentais internacionais e a retirada dos seus funcionários da região atacada.

A Turquia quer criar uma “zona de segurança” de 32 quilómetros de extensão ao longo da fronteira para manter as Unidades de Proteção Popular (YPG, milícia curda que Ancara considera terrorista e aliada dos ocidentais no combate aos jihadistas do Estado Islâmico) à distância e repatriar uma parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios no seu território.

A ofensiva de Ancara abre uma nova frente na guerra da Síria que já causou mais de 370.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados desde que foi desencadeada em 2011.