Investigadores de Coimbra estão a desenvolver uma molécula para proteger as células da destruição provocada pela osteoartrose e por outras doenças associadas ao envelhecimento, projeto distinguido com um prémio na área da saúde, foi esta quarta-feira anunciado.

Desenvolvido por uma equipa da Faculdade de Farmácia (FFUC) e do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC-UC) da Universidade de Coimbra, “o projeto venceu nos últimos dias o prémio BfK Ideas 2019 (na categoria de Saúde e Bem-Estar), do programa de promoção e valorização da ciência e do conhecimento científico e tecnológico Born from Knowledge (que é promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, através da Agência Nacional da Inovação)”, anunciou esta quarta-feira a Universidade.

O projeto já tinha conquistado antes três prémios no Arrisca C, concurso de ideias e planos de negócio organizado pela Universidade de Coimbra e dirigido a estudantes do ensino secundário e técnico-profissional, do ensino superior ou diplomados há menos de cinco anos.

A equipa composta por Alexandrina Ferreira Mendes (docente da FFUC e investigadora do CNC-UC), Alcino Leitão (docente da FFUC e investigador do CNC-UC), Cátia Moreira de Sousa (doutoranda da FFUC) e Gonçalo Pinto Mendes (mestre em Ciências Farmacêuticas pela FFUC) “permitiu a identificação de um composto com propriedades físico-químicas e farmacológicas muito promissoras, capaz de ativar uma enzima que protege as células articulares, inibindo os processos destrutivos e ativando a reparação articular”.

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Ainda segundo a UC, a descoberta pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento de um medicamento inovador para a osteoartrose, doença que destrói as articulações, causando dor e perda de mobilidade, e que afeta 10 a 15% da população mundial acima dos 60 anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

Atualmente, não há cura para a osteoartrose: ao fim de alguns anos, o seu processo destrutivo leva à necessidade de substituição da articulação por uma prótese.

Nós esperamos que este potencial fármaco possa alterar significativamente esse panorama, que a sua toma numa fase precoce da doença impeça a sua progressão, reduzindo o sofrimento dos doentes e o número de cirurgias”, refere Alexandrina Ferreira Mendes.

Após a demonstração ‘in vitro’ da elevada probabilidade de sucesso desta molécula como medicamento para a osteoartrose e para outras aplicações, o passo seguinte será a realização de estudos em animais para comprovar a sua eficácia e segurança, dizem os investigadores.

Para além da além da osteoartrose, os investigadores esperam que a utilização do composto possa estender-se a outras doenças associadas ao envelhecimento, como as neurodegenerativas.

Os primeiros testes, num modelo celular de doença de Parkinson, mostram que o composto poderá atuar não apenas em células articulares, mas também em neurónios, travando a degeneração e deterioração funcional dos tecidos”, explica a investigadora do CNC-UC.