O Partido Democrático Unionista, da Irlanda do Norte (DUP, na sigla em inglês) recusa dar apoio à atual proposta do primeiro-ministro britânico. Em comunicado divulgado esta manhã, Arlene Foster, líder do DUP, e Nigel Dodds, número dois do partido, deixaram o aviso: “Como está, não podemos apoiar o que está a ser sugerido para as alfândegas e as questões do consentimento [da Irlanda do Norte] e há falta de clareza sobre o IVA”.

O DUP, que tem tido negociações com o executivo de Boris Johnson, garante, no entanto, que vai “continuar a trabalhar com o Governo para tentar obter um acordo sensato que funcione para a Irlanda do Norte e proteja a integridade constitucional e económica do Reino Unido”.

Em causa está a questão da fronteira entre República da Irlanda e a Irlanda do Norte (que pertence ao Reino Unido). A nova proposta de Boris Johson para o Brexit insiste em abdicar do famoso backstop — um mecanismo de salvaguarda negociado pela anterior primeira-ministra, Theresa May, para que se evite uma fronteira rígida entre os dois territórios irlandeses.

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Na prática, está em causa um “território aduaneiro comum” entre União Europeia e Reino Unido, sem tarifas alfandegárias para produtos industriais e agrícolas. O Reino Unido continuaria a cumprir regulamentos europeus até que houvesse um acordo alternativo que garantisse uma fronteira aberta.

A questão é particularmente delicada por causa do conflito de três décadas em território irlandês, entre protestantes unionistas (que defendiam a integração no Reino Unido) e católicos nacionalistas (que queriam a independência). O conflito fez mais de 3.600 mortos até ao acordo alcançado em 1998.

A proposta de Boris Johnson visa acabar com essa salvaguarda, mas a Irlanda do Norte teria um tratamento diferente do resto do Reino Unido, o que preocupa nomeadamente os deputados do DUP no Parlamento britânico.