Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) desenvolveram um robô que, ao pintar simultaneamente com o ser humano peças de grande dimensão, permite que o processo industrial seja 30% mais eficiente.

Em declarações à agência Lusa, Rafael Arrais, investigador do Centro de Robótica Industrial e Sistemas Inteligentes do INESC TEC, explicou esta quita-feira que este “robô pintor” surge no âmbito do projeto FLEXCoating, iniciado há cerca de um ano e financiado em 200 mil euros pelo programa Horizonte 2020 da União Europeia.

Apesar de já existirem robôs pintores, Rafael Arrais salientou a necessidade de “melhorá-los e capacitá-los de outras ferramentas”, tais como a pintura de produtos de grandes dimensões ou de geometria complexa.

Nesse sentido, os investigadores desenvolveram uma tecnologia, intitulada célula robótica colaborativa, que, através de sensores 3D para a monitorização do espaço de trabalho, reconhecimento e localização de objetos, permite que o robô e o humano pintem “ao mesmo tempo a mesma peça”.

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Montamos uma câmara nesta célula que filma toda a região de trabalho, não só do robô, mas também do colaborador e definimos um conjunto de regiões de segurança que lhe permitem perceber quando há invasões ao espaço de trabalho, seja do operador ou de um objeto estranho”, explicou, adiantando que, quando tal acontece, “o robô para de forma segura e sem colocar em risco o utilizador ou o material”.

Além destas especificidades, este “braço robótico convencional” passa a estar responsável pela “pintura que requer um maior esforço”, dando assim a oportunidade ao operador de “avaliar os pequenos defeitos e estar atento a pequenos retoques”, ou seja, o operador fica encarregue da parte “mais minuciosa do processo”.

Aquilo que conseguimos foi dotar a empresa de uma maior flexibilidade ao nível das peças que produz, porque o humano e o robô passam a trabalhar simultaneamente no mesmo objeto”, referiu, adiantando que tal permite também que a empresa “produza peças com maior qualidade”.

À Lusa, Rafael Arrais explicou que, além da qualidade, o robô permite também que o processo industrial seja mais eficiente. “Aquilo que estimamos, na parte final do projeto, é que seria possível um aumento na ordem dos 30% na eficiência do processo, ou seja, medimos o número de peças que seriam possíveis produzir num determinado tempo de trabalho e percebemos que poderíamos ter um aumento até 30%”, garantiu.

A célula robótica já foi testada “com sucesso” na empresa portuguesa FLUPOL, e os investigadores do Centro de Robótica Industrial e Sistemas Inteligentes pretendem agora “consolidar” a solução que desenvolveram.

“Os nossos próximos objetivos passam por tornar este demonstrador [célula robótica] numa solução mais produto, o que implicaria um estudo mais aprofundado e detalhado”, concluiu.