Vários ativistas do movimento pró-clima Extinction Rebellion (XR) lançaram esta quinta-feira de manhã o caos no metro da cidade de Londres. Munidos de tarjas e cartazes (“O negócio do costume: MORTE”), subiram para o topo das carruagens e paralisaram a circulação em pelo menos três estações. O protesto, que começou às 7h, foi entretanto resolvido à força numa delas, Canning Town . Oito pessoas foram detidas. Entre elas está uma mulher de 77 anos que subiu a um dos comboios.

Uma fonte da British Transport Police explicou ao britânico Telegraph que “os protestantes obstruíram perigosamente os serviços aos treparem e agarrarem-se aos comboios”. Vários vídeos entretanto publicados nas redes sociais demonstram a forma como os passageiros, em Canning Town, resolveram o problema pelos próprios meios. Primeiro ouve-se um grito de “É um embuste! O mundo não vai acabar!”, depois veem-se objetos a voar e a atingir um dos manifestantes que, ato contínuo, é arrastado pelos pés desde o teto do comboio até ao chão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Funcionários do metro tiveram de intervir entretanto, para socorrerem o manifestante, que os passageiros tentavam agredir aos pontapés. As autoridades só chegariam depois, para efetuar detenções e tentar remover os restantes ativistas das linhas do metro.

Entre eles estava Phil Kingston, de 83 anos, que se colou a uma das carruagens, explicaria mais tarde ao Guardian, por causa dos netos e não só. “Também estou muito preocupado com o que está a acontecer nas zonas mais pobres do mundo que são as que estão a ser mais afetadas pelo colapso do clima. Sou cristão e chateia-me muito que a criação de Deus esteja a ser destruída desta forma em todo o mundo”, acrescentou. “Vocês são mesmo estúpidos, estão a parar um comboio elétrico! É elétrico! Está a ajudar o ambiente!”, gritaram-lhe vários passageiros, indignados com o protesto.

Esta ação pelo clima aconteceu justamente depois de na quarta-feira à noite as autoridades terem pedido aos responsáveis do Extintion Rebellion para que não perturbassem o funcionamento do metro. Por esse mesmo motivo, está a ser condenada até por Fergal McEntee, porta-voz do movimento, que em entrevista à rádio LBC admitiu que esta manifestação tinha sido “um grande autogolo”: “Isto só comprova que a dos transportes públicos é uma área vital onde não vamos conseguir obter qualquer tipo de apoio público”. O arcebispo de Canterbury, conhecido apoiante do XR, à mesma estação, também se demarcou deste tipo de ações.

Num comunicado oficial Sadiq Khan, mayor de Londres, condenou os protestos dos ativistas ambientais e apelou ao pacifismo e cumprimento da lei em futuras manifestações. “Esta ação ilegal é extremamente perigosa, contraproducente e está a causar perturbações inaceitáveis para os londrinos que se deslocam de transportes públicos para o trabalho”, acrescentou ainda.

Para esta quinta-feira estariam também marcados protestos no aeroporto londrino de Gatwick, agora adiados graças à ação no metro da cidade.

Esta é a segunda semana consecutiva de ações do XR que visaram edifícios públicos, como o aeroporto London City, e empresas privadas como Google, Barclays e BlackRock.