A Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música estreia no sábado a “Elegia” e a “Babylon-Suite”, do compositor alemão Jörg Widmann, artista em residência da Casa da Música, que também vai tocar clarinete na Sala Suggia.

Widmann, que além de trabalhos como compositor e como clarinetista é maestro, terá dois concertos a si dedicados em outubro, o primeiro dos quais pelas 18h de sábado, no âmbito da série Descobertas da Sinfónica.

Num texto de apresentação do concerto, a Casa da Música destaca o compositor e músico alemão como “um clarinetista fora de série e compositor muito requisitado”, requisitos para atuar como solista na própria peça, “Elegia”, escrito para clarinete e orquestra e nunca interpretada em Portugal.

Depois de abrir com a abertura de “Os Mestres Cantores de Nuremberga”, de Richard Wagner, a Sinfónica, dirigida por Baldur Brönnimann, maestro titular, atira-se a esta “obra concertante que tem gozado de grande circulação”, pedindo ao solista “uma agilidade ímpar na gestão de recursos expressivos”.

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Na segunda parte, chega “Babylon-Suite”, versão de concerto de uma ópera do alemão que também entra em estreia, olhando para a Babilónia bíblica e a sociedade multicultural dos dias de hoje para criar “uma belíssima obra feita de contrastes e sobreposições”.

Uma semana depois, no dia 26, Widmann dirige o Remix Ensemble Casa da Música e volta a juntar-se como solista num programa em que cinco das seis peças interpretadas serão estreias nacionais.

Na primeira parte, serão interpretadas as obras “Liebeslied” (“Canção de amor”, em tradução livre), para oito instrumentos, o solo de trompa “Air”, de violino “Étude n.º2” e o Quinteto, para oboé, clarinete, trompa, fagote e piano, nenhuma delas interpretada antes em Portugal.

Depois, o solo de clarinete “3 Schattentänze” (“Três danças da sombra”, em tradução literal) abre a fase complementar, antes de “Freie Stücke” (“peças livres”), interpretado pelo ensemble completo, depois de obras destinadas a instrumentos “tecnicamente muito exigentes”.

“A música de câmara do compositor alemão está presente com duas obras que olham, de certa forma, para o passado: “Liebeslied” é uma celebração do amor sob a inspiração de versos de Baudelaire, enquanto Quinteto é um tributo à obra de Mozart, com a mesma configuração instrumental”, pode ler-se na apresentação.

A 16 de novembro, Widmann vai estrear em Portugal uma encomenda da Bamberger Symphoniker, da Casa da Música, da Orquestra de Cleveland e da Sinfónica de Birmingham, “Das heisse Herz” (“O coração quente”, em tradução livre).

O concerto da Orquestra Sinfónica do Porto vai contar com direção de Peter Rundel e o barítono Thomas E. Bauer, com “O Coração Ardente”, a partir de poemas da coletânea “Des Knaben Wunderhorn” (“A Trompa Mágica do Rapaz”), de raiz tradicional, que Gustav Mahler também adaptou para o seu ciclo de canções.

“Textos radicalmente simples e genuínos, que apontam ao coração”, aponta a descrição do programa, cuja segunda parte conta com a terceira Sinfonia de Johannes Brahms.

Widmann é o artista em residência da Casa da Música em 2019, com uma versatilidade que já lhe trouxe colaborações com algumas das principais salas de espetáculos e orquestras, sinfónicas ou agrupamentos de câmara.

É maestro convidado principal da Orquestra de Câmara Irlandesa e, já este ano, a Filarmónica de Berlim, com Yefim Bronfman, estreou o primeiro Concerto para piano da sua carreira enquanto compositor.

Como intérprete, é professor de clarinete na Escola Superior de Música de Friburgo, onde vive e trabalha, além de Munique. Ex-aluno dos compositores Hans Werner Henze, Heiner Goebbels e Wolfgang Rihm, e de clarinetistas como Gerd Starke e Charles Neidich, Widmann tem tocado com agrupamentos de todo o mundo.