O secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lionel Leong, admitiu em declarações à Lusa que o crescimento económico daquela região da China poderá ser afetado “por turbulências” no mundo e nos “mercados próximos”.

Quando questionado sobre se os protestos e confrontos em Hong Kong poderiam afetar a economia de Macau, Lionel Leong, sem nunca se referir diretamente àquela situação, respondeu: “A longo prazo, Macau depende definitivamente do crescimento económico do nosso país, China. Sobre isto não há dúvidas. Mas, a curto prazo (…) uma turbulência está acontecendo, não só à volta do mundo, mas perto do nosso mercado”.

“Há coisas novas que estão acontecendo, as quais são imprevisíveis. Durante os mandatos há sempre turbulências, mais ou menos intensas. Então, cada governo, no mundo, tem de se preparar para este tipo de turbulências. Este tipo de mudanças pode ser um desafio […], depende da forma como as enfrentamos, e como as atacamos ou como as superamos”, acrescentou, em declarações à Lusa, à margem de um evento em Lisboa.

Hong Kong atravessa há quatro meses a sua pior crise política, desde a transferência do poder para a China, em 1997, com manifestações e ações quase diárias denunciando a perda de liberdade, mas também a crescente ingerência de Pequim nos assuntos desta região semiautónoma.

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Desde que as autoridades proibiram o uso de máscaras durante manifestações, no início de outubro, a onda de violência agravou-se, com vários atos de vandalismo contra empresas acusadas de apoiar o Governo pró-Pequim.

Porém, Lionel Leong acredita que as “fortes fundações” da economia macaense assegurarão um caminho cada vez “melhor e melhor”.

E quando a procura crescer os investimentos “vão chegar”, destacando-se também os da área financeira, defendeu.

O que para aquele responsável representa “também a mais importante oportunidade para os negócios entre os países de língua portuguesa e a China”.

Macau pode ajudar às ligações entre Cantão, ou Hong Kong, por exemplo, à América Latina, através de Portugal e do Brasil, ou a Moçambique, Angola, e outros países africanos de língua portuguesa, também através do mercado português, diz o ainda secretário para a Economia e Finanças daquele território.

“Isto é a plataforma de Macau, a que chamamos de serviços financeiros” entre a China e os países de língua portuguesa, afirmou.

Por isso, deixou uma mensagem de encorajamento para que mais pessoas de Macau venham a Portugal, com o objetivo de investir neste país, porque a China “tem muitos tipos de empresas, especialmente as nacionais, que têm milhões de dólares de lucros por ano e todo o interesse em investir nos mercados de língua portuguesa”, mas que precisam de um parceiro.

Esse parceiro é Portugal: “Macau e Portugal podem fazer isso”.

“Temos amigos portugueses, parceiros estratégicos, e os investidores chineses de mãos dadas com investidores portugueses podem explorar as oportunidades nos países de língua portuguesa”, defendeu Lionel Leong.