A primeira fase do processo de renaturalização de uma faixa de 250 hectares da área afetada pelo fogo na serra de Monchique, em 2018, iniciou-se esta terça-feira ao abrigo de um projeto que reúne entidades públicas e privadas.

Segundo os parceiros do projeto Renaturalizar Monchique, esta terça-feira apresentado publicamente, esta renaturalização do território será feita com espécies autóctones e outras resilientes ao fogo, estimando-se que a área possa aumentar com mais donativos e comparticipações da sociedade civil.

Um dos parceiros do projeto, a companhia de aviação irlandesa Ryanair, entregou um donativo de 250 mil euros para apoiar a renaturalização da serra de Monchique, devastada por um grande incêndio em agosto passado, o maior registado na Europa em 2018, consumindo 27.000 hectares. “Sendo Monchique e o Algarve zonas importantes para a Ryanair, decidimos juntarmos como parceiros a outras entidades no projeto ‘Renature Monchique’ e contribuir para restaurar a floresta que o incêndio destruiu no ano passado” disse aos jornalistas Michael O’Leary, presidente da Ryanair.

O donativo da companhia aérea irlandesa foi entregue durante uma cerimónia que decorreu no Alto da Fóia, naquele concelho do distrito de Faro, tendo depois sido plantado um carvalho, ato que assinalou o início do projeto de renaturalização.

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No projeto são parceiros, além da Ryanair, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), Região de Turismo do Algarve (RTA), Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e Câmara Municipal de Monchique. Segundo o presidente da Ryanair, a verba faz parte da iniciativa da companhia para compensar as emissões de carbono e foi obtida através dos donativos dos passageiros.

Esta contribuição é “uma forma de demonstrar o compromisso que a companhia tem com o meio ambiente e para com a região onde tem uma base operacional instalada”, reforçou Michael O’Leary. “Estamos satisfeitos de fazer parte desta parceria e de ajudar a restaurar a floresta e a beleza natural única da região de Monchique”, sublinhou.

Por seu turno, o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, considerou de extrema importância a participação da companhia aérea de baixo custo no projeto, acrescentando que a iniciativa partiu da própria companhia aérea. “Michael O’Leary contactou-nos pouco tempo após o incêndio, porque foi uma testemunha do fogo, pois encontrava-se a passar férias com a família na região aquando do incêndio em agosto de 2018”, referiu.

O presidente da RTA confidenciou também ter sido contactado por outros operadores turísticos, os quais manifestaram interesse em integrar o projeto de renaturalização do território. “Em breve teremos novidades nesta matéria”, concluiu.

Para o presidente da Câmara de Monchique, Rui André, o incêndio que ocorreu em Monchique em agosto do ano passado, “é uma oportunidade para reformular a floresta do concelho, o pulmão do Algarve, e desenhar uma nova paisagem, produtiva e ambiental, e mais resiliente ao fogo”.

O incêndio que deflagrou no dia 3 de agosto de 2018 na zona da Perna Negra, destruiu, ao longo de sete dias, mais de 27.000 hectares de floresta e de terrenos agrícolas nos concelho de Monchique, Silves e Portimão, no distrito de Faro, e de Odemira, no distrito de Beja.