A SWVL, uma empresa egípcia que quer revolucionar os transportes públicos, vai abrir o seu primeiro centro tecnológico europeu em Lisboa. O novo escritório, situado no LACS Anjos, abre “brevemente” e a scaleup (startups que já estão em expansão consolidada) quer contratar 150 pessoas para este espaço.

Tenho apoiado fortemente a decisão de Lisboa para o nosso Tech Hub. Lisboa tem uma imensa oferta de talento tecnológico, local e internacionalmente e iremos concentrar aqui o núcleo tecnológico do nosso negócio, com a contratação de 150 perfis altamente qualificados que seríamos capazes de encontrar em apenas algumas cidades da Europa”, diz Nádia Pais, diretora global de recursos humanos da SWVL.

Da mesma forma que a Uber ou a rival Lyft foram disruptivas para os táxis, a SWVL quer ser “a alternativa premium para os transportes públicos”. Atualmente, a empresa está presente em dois países — Egito e Paquistão — com uma aplicação que permite aceder a um autocarro com “paragens, horários e preços fixos”. Segundo a SWVL, quem utilizar este sistema tem preços “até 70% mais económicos do que a concorrência do setor de transportes partilhados”.

Em Portugal, a empresa não vai lançar o serviço, mas o escritório no LACS Anjos vai ter “funções-chave de tecnologia” da SWVL. A empresa quer contratar pessoas para cargos como o de responsável de programação, cientista de dados e programadores.

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A presença da SWVL em Lisboa será apenas um Tech Hub e por isso não iremos operar nem em Lisboa, nem em Portugal. Os impedimentos que encontramos em Lisboa prendem-se com o facto de já existirem transportes, partilhados ou não, na cidade. Portugal, no geral, acaba por ter um forte sistema de transportes o que nos faz pensar que talvez faça mais sentido investir em cidades no mundo onde este sistema é ainda precário ou até inexistente”, conta Nádia Pais.

A SWVL tem, atualmente, cerca de 600 colaboradores que vão contar com Lisboa como “núcleo tecnológico”. Nádia Pais afirma ainda que “contrariamente a algumas empresas que escolhem Portugal para expandir funções de back-office [serviços digitais internos de operação]”, a capital portuguesa vai ter o “escritório estratégico” para desenvolvimento do produto.

“Portugal, principalmente Lisboa, tem se tornado no ninho de talento tecnológico e atrai também talento internacional”, refere James Horrocks, consultor de tecnologia da SWVL. Agora, o objetivo da empresa é encontrar “talentos tecnológicos” nas regiões em que a empresa tem alguma presença: Médio Oriente, Norte de África e Europa.

A SWVL foi fundada no Cairo, em 2017, por três empreendedores egípcios. Ao todo, já recebeu 73 milhões de euros de investimento. O presidente executivo e um dos fundadores, Mostafa Kandil, tem apenas 26 anos. Apesar de ter sido fundada no Egipto, o “departamento executivo” da empresa está no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

À semelhança da Uber, a SWVL tem encontrado alguma resistência ao entrar em alguns países por competir com um setor já consolidado e, muitas vezes, controlado pelo Estado. No Quénia, na cidade de Nairobi, a SWVL teve de cessar operações no final de setembro por não ter a licença necessária.

*Notícia atualizada às 11h01 com número de países de operação da SWVL e justificação da empresa não lançar o serviço em Portugal.