Cerca de duas dúzias de republicanos invadiram esta quarta-feira uma sessão de inquérito à porta fechada do Comité de Informações da Câmara dos Representantes relacionada com o impeachment (destituição) de Donald Trump, à qual apenas um grupo restrito pode ter acesso. Enquanto tentavam chegar à sala onde a secretária de Defesa adjunta da Rússia, Ucrânia e Eurásia, Laura Cooper, estava prestes a testemunhar, os republicanos gritavam: “Deixem-nos entrar!”. Entretanto, por volta das 23h30 (hora de Portugal) desta quarta-feira foram retomados os trabalhos e Cooper começou o seu depoimento.
De acordo com o The New York Times, os republicanos em questão não faziam parte da comissão que está a conduzir estes inquéritos e, por isso, não podiam assistir às audiências. A tentativa de entrarem na sala, revelam, foi um ato de protesto contra o facto de todo o processo estar ser conduzido à porta fechada. Este inquérito, recorde-se, está relacionado com um possível processo de impeachment de Donald Trump, devido ao escândalo ligado a alegadas pressões do Presidente norte-americano junto da Ucrânia.
O republicano Matt Gaetz, citado pela CNN, desafiou Adam Schiff, diretor do Comité de Informações da Câmara dos Representantes, a suspender os procedimentos. “Vamos tentar entrar ali dentro e descobrir o que se passa, em nome de milhões de americanos que representamos e que querem ver este Congresso a trabalhar para eles e não obcecados com atacar o Presidente, que nós acreditamos que não fez nada para merecer o impeachment”, referiu ainda.
WATCH: here's the video of when 2 dozen GOP members, led by @mattgaetz entered the secure hearing room (SCIF) to interrupt witness testimony in the #ImpeachmentInquiry as they demand access, despite not being committee members. They're complaining it's a "Soviet-style process". pic.twitter.com/8KddYz3r9D
— Scott Thuman (@ScottThuman) October 23, 2019
A cena desenrolou-se quando o painel estava a preparar-se para ouvir Laura Cooper. O NYT explica que estas reuniões à porta fechada são prática comum, especialmente durante as fases iniciais do processo. “Chegou finalmente a um ponto em que os membros do Senado dizem estar muito frustrados com a ideia de não poderem fazer parte disto e ver o que está a acontecer”, sublinhou o republicano Jim Jordan.
Esta segunda-feira, recorde-se, Donald Trump abordou a forma como o inquérito está a ser feito e comparou-o a um “linchamento”. “Se algum dia um democrata se tornar Presidente e os republicanos ganharem a Câmara dos Representantes, mesmo que seja por uma margem mínima, eles podem destituir o Presidente sem o processo correto ou justo ou sem qualquer direito legal. Todos os republicanos devem lembrar-se do que estão a assistir aqui – um linchamento. Mas vamos ganhar”, escreveu o Presidente dos Estados Unidos através do Twitter.
So some day, if a Democrat becomes President and the Republicans win the House, even by a tiny margin, they can impeach the President, without due process or fairness or any legal rights. All Republicans must remember what they are witnessing here – a lynching. But we will WIN!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 22, 2019
Apesar de a sua entrada ter sido barrada, os republicanos parecem não pretender desistir tão cedo do protesto e trouxeram snacks e pizzas para a área do Comité.
PIZZA NEWS — Rep. Mark Meadows gleefully delivers 14 boxes of Domino’s Pizza to the reporters camped out, saying they were bought by Reps. Jim Jordan and Steve Scalise. Reporters told him we couldn’t accept gifts, to which he said: “There is no quid pro quo. You can eat it!” pic.twitter.com/8xNIm06FOd
— Michael D. Shear (@shearm) October 23, 2019