A apresentação dos novos proprietários da Siva, empresa que até há bem pouco tempo era pertença de João Pereira Coutinho e que durante anos foi quem mais automóveis novos vendeu em Portugal, foi acolhida com algum alívio. Primeiro, porque os bancos conseguiram finalmente colocar o activo no mercado, isto após um perdão de dívida superior a 100 milhões de euros, e depois porque se salvaram 650 postos de trabalho, entre Siva e Soauto (o retalho).

Entre promessas de tudo fazer para que a Siva regresse rapidamente aos mais de 30.000 veículos novos/ano, bem acima dos 19.000 que espera comercializar em 2019, Hans-Peter Schützinger, o CEO do maior comercializador de veículos na Europa, a Porsche Holding Salzburg – hoje denominada Porsche Holding GmbH (termo germânico equivalente a Lda) – revelou-se confiante no futuro. Garantindo ter a experiência e os meios financeiros para conduzir a Siva rumo ao sucesso, Schützinger avançou com uma afirmação que surpreendeu quem assistia à conferência de imprensa.

À questão se pensava juntar às marcas que a Siva já representa em Portugal, as duas únicas que lhe faltam, nomeadamente a Seat e a Porsche, o CEO da Porsche Holding, hoje uma subsidiária do Grupo VW, respondeu que a prioridade é recuperar a Siva, embora admita a possibilidade de alargar a actuação no mercado português. “Depois de conseguirmos colocar a Siva a funcionar como pretendemos, vamos negociar com essas marcas”, declarou e, percebendo o burburinho na sala, assumiu em tom divertido: “O meu press officer não gosta que eu comente isso.”

Seat não reage bem ao anúncio

Esta vontade de alargar o portefólio das marcas representadas pela Siva levou o Observador a questionar a Seat Portugal sobre uma eventual abertura a qualquer tipo de acordo com a Porsche Holding ou, até mesmo, a existência prévia de negociações nesse sentido. Em resposta, chegou-nos uma declaração oficial da casa-mãe da Seat, em Espanha, em que o fabricante fez questão de deixar claro que “não há nenhum tipo de plano para integrar a Seat Portugal na Porsche Holding a médio ou a longo prazo”. Afirmam ainda os responsáveis pelo construtor espanhol do Grupo VW que “a Seat considera Portugal um mercado prioritário, onde a marca está fortemente posicionada, sendo a 8ª mais vendida, com uma quota de mercado de 5%, mais elevada do que qualquer das marcas do Grupo VW”, recordando ainda que a “Seat Portugal é uma filial da Seat”.

Da Porsche não foi tornada pública qualquer reacção, mas a situação desta marca é diferente da da Seat. A representação da Porsche para Portugal e Espanha é assegurada pela Porsche Ibérica, localizada em Madrid, existindo apenas no nosso país um pequeno escritório, sem uma estrutura formal de importador ou cargos de direcção de topo. É pois natural que a Porsche Holding se ache em condições de poder fazer melhor e investir mais, numa marca que não só é das mais emblemáticas do conglomerado germânico, como é ainda aquela que exibe o nome da família.

A Porsche Holding é uma subsidiária (desde 2011) da Volkswagen AG, conhecida como Grupo VW, em paridade com qualquer outra marca ou empresa do grupo alemão. Possui o Porsche Bank, que alavanca os negócios nos países em que o Volkswagen Bank não está presente, mas mais importante do que isso, os seus fundadores são os netos de Ferry Porsche, o engenheiro que concebeu o Carocha e criou a marca Porsche, com a família Porsche/Piech a dominar hoje 53,1% do poder de voto no Grupo VW.

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