O antigo dirigente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) Raúl Domingos exortou esta quinta-feira a liderança do principal partido da oposição a optar pelo diálogo para ultrapassar a crise provocada pela ala dissidente da guerrilha.

O problema dos militares que não aceitam a liderança do presidente [da Renamo] Ossufo Momade, é um problema muito fácil de resolver em relação àquilo que foi o conflito Renamo-Governo”, disse, em entrevista à Lusa.

Raúl Domingos foi considerado durante muitos anos o número dois da Renamo, antes de ser expulso do partido, na sequência de divergências com o falecido líder da organização, Afonso Dhlakama.

Comentando a contestação de uma ala da guerrilha da Renamo à liderança de Ossufo Momade, Domingos defendeu que deve ser seguido o caminho do diálogo, tal como o partido procedeu nas negociações que levaram ao Acordo Geral de Paz de 1992 com o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

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A Renamo foi capaz de dialogar e chegar a um acordo com o então inimigo, estou a falar dos anos 90, a negociação foi para acabar com a guerra, era uma negociação entre inimigos”, recordou Raúl Domingos.

Na sequência das negociações de paz, as duas partes apertaram as mãos e passaram a tratar-se como irmãos, prosseguiu.

O político, agora à frente do partido extraparlamentar Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), considerou normal a contestação a Ossufo Momade, tendo em conta que a Renamo está numa fase de transição, após a morte do seu histórico líder, Afonso Dhlakama, em maio de 2018.

Devido ao carisma e peso do falecido líder, continuou, a Renamo nunca teve um plano de sucessão nem preparação para esse momento. “Eu acho que é normal, as transições têm sempre trazido dificuldades e substituir uma figura como Afonso Dhlakama não é nada fácil“, concluiu.

O líder da denominada Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, autoproclamou-se presidente do partido e contesta a liderança de Ossufo Momade, acusando-o de ser um agente do Governo. Mariano Nhongo, um tenente-general, acusou Momade de ter prejudicado a organização nas negociações sobre o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração do braço armado da Renamo.