Três pessoas morreram durante as inundações que atingiram esta quarta-feira o sul de França, confirmou o Ministério do Interior francês ao Le Parisien. Em Béziers, a região mais afetada pela tempestade de quarta-feira, caíram 310 litros de chuva por metro quadrado. Mais de dois mil agentes da Proteção Civil foram chamados a acudir a população. Mil pessoas foram retiradas de casa ou das estradas em Hérault. Só os bombeiros fizeram 130 resgates, 20 dos quais com recurso a helicópteros.

A identidade das vítimas ainda não é conhecida. Em Cazouls-d’Hérault, uma mulher de 68 anos que tinha sido arrastada pela força de uma enxurrada foi resgatada por mergulhadores e enviada em estado muito grave para o hospital de Montpellier, mas não se sabe se está entre as vítimas mortais confirmadas pelas autoridades.

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Entretanto, com o alerta laranja ativo apenas na Alta Córsega, a população começou a fazer contas aos estragos. Yves Scio, de 85 anos, contou ao Le Parisien que tem 20 centímetros de água na garagem, mas que não está preocupado: “Não é muito, basta limpar. O padeiro da terra, por exemplo, perdeu tudo o que tinha. Conhecemos bem estas inundações, mas continua a custar-nos muito pelo danos que causam”, desabafou.

Em Villeneuve-lès-Béziers, um homem explicou ao Le Parisien que “em dez minutos havia um metro de água com correntes fortes”: “Consegui tirar o meu carro da garagem, mas quando regressei para tentar tirar o da minha mulher já era tarde demais”.

Nessa localidade, um transbordamento do Canal du Midi inundou duas localidades num metro de água lamacenta. Jean François foi um dos afetados ouvidos pelo Le Parisien, que encontrou o homem com lágrimas nos olhos. Partes da casa, nomeadamente o jardim, estavam perdidas. Os eletrodomésticos tinham-se estragado e o frigorífico tinha sido arrastado da cozinha para um dos corredores.

Em Vias-Plage, 500 turistas que estavam alojados no acampamento de La Dragonnière tiveram de ser retirados após 15 quilómetros de estrada terem ficado debaixo de água, também por causa das inundações vindas do Canal du Midi. As cheias obrigaram a Sociedade Nacional d0s Caminhos de Ferro de França a suspender a circulação ferroviária entre Montpellier e Toulouse ou em direção a Espanha pelo menos até 04 de novembro.

Segundo o comunicado da empresa enviado para as redações francesas, “as plataformas ferroviários estão enfraquecidas em vários lugares, alguns dos quais com buracos de 10 metros debaixo dos trilhos, que ficaram suspensos no ar”. Elisabeth Borne, ministra da transição ecológica, já tinha confirmado que havia “muitos danos importantes nas infraestruturas”. Comentando o número de vítimas mortais, a ministra diz: “Podia ter sido muito pior”.

As inundações afetaram também o centro de Montpellier, quatro pessoas precisaram de ser retiradas dos próprios carros quando a estrada em que circulavam se encheu de água. O tecto de um pavilhão desportivo desabou por causa da força das chuvas, mas sem causar vítimas. A Universidade Paul-Valéry suspendeu as aulas e alguns comboios e autocarros da cidade foram suprimidos.