O Presidente francês, Emmanuel Macron, propôs esta quinta-feira o ex-ministro da Economia e CEO da tecnológica ATOS Thierry Breton para comissário europeu, depois do chumbo do Parlamento Europeu (PE) ao primeiro nome que indicou, Sylvie Goulard.

Duas semanas depois do voto negativo do PE a Goulard, a presidência francesa anunciou que propôs o nome de Breton à presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Macron e Von der Leyen “chegaram a acordo em relação a este perfil depois de uma discussão prévia”, disse fonte da presidência à France-Presse, sublinhando que, se este nome é proposto, “é porque é adequado”.

Breton foi ministro da Economia de França (2005-2007), durante a presidência de Jacques Chirac, e dirige desde 2009 a companhia de tecnologias de informação francesa ATOS.

Objeto de um inquérito judicial em França, Sylvie Goulard recebeu parecer negativo do PE por razões éticas, depois de recusar apresentar a demissão do cargo de comissária europeia se vier a ser acusada no processo dos empregos fictícios de assistentes do seu partido na assembleia europeia.

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O ‘chumbo’ de Goulard foi o primeiro de um candidato designado pela França desde que as audições dos candidatos ao executivo comunitário tiveram início, em 1995.

Breton é indicado para a mesma ampla pasta que Goulard – que abrange política industrial, mercado interno, digital, defesa e espaço -, algo que Macron considerou “o mais importante”.

“Thierry Breton tem competências sólidas nos domínios abrangidos por esta pasta, em particular a indústria e o digital, uma vez que foi ministro da Economia com a tutela da Indústria, e CEO [diretor executivo] de grandes grupos industriais [Thomson, France Télécom, ATOS], beneficiando de uma reputação sólida de homem de ação”, destacou a fonte presidencial.

“É também um europeu convicto, que dirigiu vários projetos franco-alemães”, disse ainda.

O candidato a comissário já trabalhou com Ursula von der Leyen, na criação de um fundo europeu de defesa e segurança.

Além da França, também Roménia e Hungria viram os seus candidatos a comissários rejeitados, o que levou ao adiamento da entrada em funções da nova Comissão para 01 de dezembro.

A escolha de um empresário de grandes grupos comporta alguns riscos de conflitos de interesse, tanto mais que o grupo ATOS é fornecedor de serviços informáticos para a União Europeia, o que já foi apontado por vários políticos em França.