A União das Misericórdias Portuguesas disse esta sexta-feira estar a aguardar uma nova proposta sindical de aumentos salariais que não ponha em causa a sustentabilidade das misericórdias, garantindo que os salários e as condições de trabalho são uma “preocupação permanente”.

Os trabalhadores da União das Misericórdias e das várias misericórdias do país estão esta sexta-feira em greve por melhores condições de trabalho e por aumentos salariais, estando também agendada uma concentração junto ao Campo Pequeno, em Lisboa.

Trabalhadores de misericórdias em greve na sexta-feira por aumentos salariais

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Numa nota enviada à Lusa, a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) começa por dizer que estes trabalhadores são “essenciais nos cuidados que são prestados aos utentes” e que, por isso, “a melhoria das suas remunerações, carreiras e condições de trabalho são uma preocupação permanente dos dirigentes” da UMP e das misericórdias.

De acordo com a UMP, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, que convocou a greve, exigiu aumentos salariais de mais de 6,4%, quando, ressalva UMP, o aumento da comparticipação paga pelo Estado pelos serviços prestados pelas misericórdias foi, em média, de 3,5%.

“Sendo certo que a totalidade desta atualização (…) não pode ser destinada, na totalidade, para aumento de salários”, explica a UMP.

A UMP diz também que a federação de sindicatos se comprometeu a “apresentar uma nova proposta que as misericórdias possam acomodar sem por em risco a sua solvência”.

“As Misericórdias e a UMP, que têm estado sempre disponíveis para o diálogo, aguardam, assim, com expectativa, que ela se concretize o mais rapidamente possível”, lê-se na nota.

A UMP sublinha que a sustentabilidade das instituições é uma “baliza inultrapassável” e destaca que a “grande maioria” das misericórdias estão esta sexta-feira numa “situação alarmante de tesouraria” depois de nos últimos três anos ter havido um “aumento sistemático dos custos de funcionamento das respostas sociais e o aumento do salário mínimo nacional”, “sem que o Estado tenha correspondido ao sobrecusto”.

Os trabalhadores das misericórdias e da UMP estão em luta desde há vários meses, tanto através da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, como pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal sempre com o objetivo de reivindicar melhores condições de trabalho, aumentos salariais ou o pagamento de horas em dias feriado.

O aumento de 3,5% no valor da comparticipação paga pelo Estado ao setor social significou para as instituições o pagamento de uma verba na ordem dos 1,5 mil milhões de euros para 2019/2020, que beneficiou mais de 450 mil utentes das mais de 14 mil respostas sociais espalhadas pelo país.