Esta semana, assinalaram-se 15 anos desde que Michael Schumacher, em 2004, conquistou o sétimo título mundial de Fórmula 1 da carreira. Esse sétimo Mundial, mais do que ter sido o último do piloto alemão, mais do que ter sido o quinto consecutivo, foi ainda o confirmar de um registo que se prolonga até aos dias de hoje: Schumacher foi o primeiro e é o único a ter sido campeão mundial sete vezes. Juan Manuel Fangio e Lewis Hamilton, com cinco títulos cada um, são os que mais se aproximam. Mas os 15 anos do feito de Schumacher, numa semana que antecedeu um Grande Prémio do México, recordaram que o piloto inglês tem todas as condições para igualar e até superar o registo do alemão.

Na liderança da classificação geral desde Campeonato do Mundo de 2019, Lewis Hamilton está no caminho certo para conquistar o sexto título mundial da carreira já este ano, ficando isolado entre Fangio e Schumacher, e a ordem natural das coisas faz parecer que o sétimo — o assinalável sétimo que igualaria o alemão, considerado o melhor de sempre da Fórmula 1 — pode estar já ao virar da esquina na próxima temporada. A verdade é que, contas feitas, Hamilton poderia ser campeão do mundo já este domingo no México: ainda que para isso precisasse de ganhar uns difíceis 14 pontos a Valtteri Bottas, colega de equipa.

Na qualificação, Max Verstappen foi o mais rápido mas acabou por ser penalizado já após o fim da última sessão, por não ter desacelerado quando a bandeira amarela surgiu após um despiste de Bottas. O holandês da Red Bull caiu três posições, saindo de quarto, Leclerc herdou a pole-position, Vettel fechou a primeira linha e Lewis Hamilton garantiu o terceiro tempo. No arranque, Verstappen e Hamilton tocaram-se ligeiramente e obrigaram à entrada em funcionamento do safety car virtual, devido aos vestígios deixados na zona da primeira curva. O holandês acabou por ser o principal prejudicado pelo acidente, já que à quinta volta um dos pneus traseiros furou e saiu mesmo do jante, obrigando o piloto da Red Bull a uma paragem nas boxes numa fase ainda embrionária da corrida.

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Numa das provas mais competitivas deste Mundial, Charles Leclerc segurou a liderança até à primeira paragem — sempre com a ideia subjacente de que Lewis Hamilton era líder virtual, já que uma paragem do jovem piloto da Ferrari deixaria automaticamente o inglês em primeiro, face à escassa diferença entre os dois. Alexander Albon, da Red Bull, intrometeu-se na luta pelo pódio e esteve acima de Hamilton e Bottas nas primeiras voltas mas acabou por cair para sexto depois de parar para montar pneus médios. Leclerc parou pouco depois, Lewis Hamilton seguiu-se nas boxes pouco depois — e Vettel, que ouviu a indicação da equipa para também trocar de pneus, ignorou a recomendação e seguiu em pista.

O piloto alemão da Ferrari queria estender a vantagem para Lewis Hamilton, que estava nos 19 segundos e precisava de subir pelo menos para 21 para que saísse à frente do Mercedes da pit stop, e já deixava o inglês a perguntar à equipa se a estratégia de paragens não tinha sido colocada em prática demasiado cedo face aos adversários. Vettel parou já na volta 38, montou pneus duros e saiu atrás de Hamilton e com pouca vantagem para Bottas. As 20 voltas finais, num circuito com temperaturas acima da média, mostraram um Vettel que não tinha ritmo para chegar perto de Hamilton e era estrategicamente forçado por Bottas, que além de querer fugir de Leclerc para garantir um lugar no pódio estava também a obrigar o Ferrari a defender-se para soltar Hamilton na frente da corrida.

Lewis Hamilton acabou por garantir a vitória no Grande Prémio do México, Sebastian Vettel foi segundo e Valtteri Bottas encerrou o pódio; mais atrás, Leclerc foi quarto e os dois Red Bull, Alexander Albon e Max Verstappen, fecharam um top six onde Sergio Perez acabou por não conseguir entrar. Este cenário faz com que Hamilton, no próximo fim de semana e nos Estados Unidos, possa chegar ao sexto título mundial da carreira (só precisa de ser sétimo, mesmo que Bottas vença) e ficar a apenas um do registo de Michael Schumacher que comemorou esta semana 15 anos. Numa altura em que no México já só se pensa no día de los muertos, que se assinala na próxima semana, a fiesta foi de Lewis Hamilton.