“Cada eleição vale por si e nenhuma se substitui às demais ou altera o mandato da Assembleia da República ora eleita.” Esta frase, de António Costa, durante o discurso de tomada de posse “passou um bocadinho despercebido” mas foi, na opinião de Luís Marques Mendes, “um erro político, um momento em que [o primeiro-ministro] exibiu fraqueza e medo”.

No seu comentário político semanal, na SIC, o ex-líder do PSD viu nesta frase uma evidência de que “António Costa está com medo”. E medo de quê? “Medo de um mau resultado nas eleições autárquicas, medo do segundo mandato presidencial de Marcelo e medo de eventuais eleições antecipadas em 2021 ou 2022”.

António Costa é um primeiro-ministro que “parece que está forte, mas não está assim tão forte, parece estar ao ataque mas está com medo da sombra, a olhar para a direita e para a esquerda”. Um primeiro-ministro que, antes de mais, está psicologicamente frágil”, diz Luís Marques Mendes. “É uma fragilidade psicológica que pode levar a uma fragilidade política”, conclui.

Ainda assim, embora Marques Mendes acredite que o Governo vai cumprir os quatro anos do mandato, “as coisas não vão correr bem, sobretudo a partir de 2021” — é um Governo que “tem várias semelhanças com o terceiro governo de Cavaco, que também foi de fim de ciclo”.

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Um brinde à esquerda, outro para os ecologistas. Costa diz que está cá para quatro anos

Marques Mendes diz que o Governo tem, neste momento, “ministros cansados e esgotados”, um discurso político e um programa que “são mais do mesmo”, uma “presidência da UE que vai gerar desgaste interno” e perspetivas de um abrandamento económico.

Prevê-se, diz Marques Mendes, “uma remodelação a meio, em 2021, como sucedeu com Cavaco. Vão sair, pelo menos, Santos Silva e Centeno (porque querem sair) e os Ministros da Saúde, da Educação e da Ciência”, adianta o comentador político.

Mesmo assim, “acho que o Governo durará quatro anos: primeiro, porque António Costa não se demite”.

Na opinião de Marques Mendes, quando Costa disse “Comigo não haverá pântanos”, “o que ele quis dizer foi que não se demitirá como fez Guterres; depois, porque a oposição não o consegue derrubar. A esquerda toda juntar-se a toda a direita para derrubar um Governo de esquerda é uma missão quase impossível”.

Mas será cada vez mais premente o tema da sucessão de Costa no PS e quem disputará a liderança com Pedro Nuno Santos. Fernando Medina, Ana Catarina Mendes, Francisco Assis são hipóteses, adianta o comentador.

Marques Mendes noticiou, ainda, que o Governo está a preparar a retirada de três secretarias de Estado de Lisboa: para locais como Castelo Branco, Bragança e Guarda. Algo que o comentador considera não ser mais do que “show off“.