A Ecosado – Serviços de Ginecologia e Obstetrícia, Lda, clínica onde foram realizadas as ecografias à mãe de Rodrigo, o bebé que nasceu com malformações graves, não tem qualquer convenção com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT).

Em comunicado, a ARSLVT, que é responsável pela celebração de convenções com clínicas privadas para a realização de exames na sua área, revelou que, “de acordo com o registo de entidades convencionadas com esta Administração, a Clínica ‘Ecosado – Serviços de Ginecologia e Obstetrícia, Lda.’ não possui qualquer convenção com a ARSLVT”. Apesar disso, a mãe do bebé sem rosto foi encaminhada pelo seu médico de família para ali fazer as ecografias pelo médico que a seguia, o obstetra Artur Carvalho, agora investigado por negligência.

A ARSLVT acrescentou ainda que “está a acompanhar os esforços das diversas entidades na investigação deste caso concreto e a desenvolver as suas próprias diligências, dada a existência de indícios da prática de irregularidades”. Nesse sentido, refere, deu início no dia 17 de outubro a “um processo de inquérito no âmbito das suas competências”.

Artur Carvalho, o obstetra que fez as ecografias e que não detetou nenhuma malformação — o bebé nasceu sem olhos, nariz e parte do crânio — foi suspenso preventivamente pelo Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos durante seis meses, tendo ainda comunicado que se auto-suspendeu de realizar ecografias até à conclusão do processo.

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Bebé sem rosto. Ordem dos Médicos suspende preventivamente Artur Carvalho

Artur Carvalho tinha pendentes na Ordem cinco processos, referentes a 2013, 2014, 2015, 2017 e 2019, mas na segunda-feira passada deu entrada a queixa dos pais do bebé Rodrigo e mais uma. Depois do caso de Rodrigo ter sido revelado, foram conhecidos outros casos que também envolveram este obstetra, como foi o caso de Diana, que nasceu com duas vaginas, dois retos, dois úteros, espinha bífida e só um rim.

Malformações genitais, espinha bífida e só um rim. Diana é outro caso do médico de Setúbal

Desde que os casos foram tornados públicos, as grávidas que estavam a ser seguidas pelo mesmo médico exigiram novas ecografias para garantir que os fetos não têm malformações.