A CDU afirmou esta terça-feira ter faltado à cerimónia de reabertura, na segunda-feira, do pavilhão Rosa Mota, no Porto, por discordar com o modelo de reabilitação proposto, que considera ter conduzido à subalternização do nome da atleta.

“Foi por discordar, desde o início, com o modelo de reabilitação proposto para o pavilhão Rosa Mota (e que levou, como em altura própria denunciou, à subalternização do nome da campeã e símbolo do Porto Rosa Mota) que os eleitos da CDU decidiram, muito antes da polémica pública, não participar na cerimónia de inauguração da requalificação do pavilhão”, explica a CDU em comunicado.

Os vereadores da oposição na Câmara do Porto (PS, PSD e CDU) anunciaram, na segunda-feira de manhã, na reunião do município do Porto que iriam faltar à inauguração do renovado pavilhão, por estarem contra a “menorização” do nome da atleta Rosa Mota.

Envolto em polémica, lá se ergueu o novo (velho) Pavilhão Rosa Mota

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No comunicado, aquela força política critica a câmara por “entregar a privados a reabilitação do pavilhão Rosa Mota, no valor superior a oito milhões de euros”, por oposição à decisão de custear, em nove milhões de euros, a nova ponte sobre o rio Douro”, obra que, enfatizam, “não [está] prevista no Plano Diretor Municipal e [é] de utilidade duvidosa no local previsto”.

A CDU menciona ainda que ao “longo dos 20 anos da concessão” o município irá receber “cerca de 2,4 milhões de euros em rendas”, mas que, fruto da nova designação do espaço, “o promotor arrecadará cerca de 20 milhões de euros”.

Recuando à presidência de Rui Rio e da coligação PSD/CDS na Câmara do Porto, a CDU lembrou a oposição então feita à reabilitação do pavilhão, que se “traduziria num alargamento do edifício, que passaria a ocupar parte do lago e dos jardins do Palácio de Cristal”, e saudou a decisão contrária de Rui Moreira quando assumiu funções. Contudo, critica “a insistência num modelo de entrega do pavilhão a privados”.

Considerando que “era possível recuperar e manter o pavilhão sob a esfera pública” e que a “construção de um Centro de Congressos devia ser direcionada para a zona oriental da cidade, constituindo um equipamento âncora para o necessário desenvolvimento dessa zona esquecida do Porto”, a CDU insiste ser o “modelo de negócios proposto altamente benéfico para os privados e prejudicial para o interesse municipal”.

O ex-treinador e companheiro de Rosa Mota, José Pedrosa, disse na segunda-feira à Lusa estar a preparar-se para “uma batalha que vai durante vários anos” pela defesa do nome do pavilhão Rosa Mota.

Na cerimónia de inauguração do espaço, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, passou praticamente ao lado da polémica sobre a nova denominação do pavilhão, tendo, na única vez que falou sobre o tema, recuperado apenas a relação histórica da cidade com o vinho.

Não me venham com complexos por haver um nome associado a bebidas alcoólicas [na nova denominação do pavilhão que passou a chamar-se Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota]”, argumentou o autarca, enfatizando o facto de antes de haver um Porto conhecido pelo desporto e pela cultura, “já o era devido ao Vinho do Porto”.

E acrescentou: “hoje não é dia de queixas, mas de estarmos muito satisfeitos”.

Também o Bloco de Esquerda disse na segunda-feira estar contra a alteração do nome do pavilhão Rosa Mota, tendo desafiado a Câmara do Porto a promover uma discussão alargada para o regresso daquele equipamento à esfera pública e municipal. Em comunicado, a Comissão Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda – Porto informou querer “reverter de imediato esta apropriação indevida, impedindo a alteração do nome daquele que é e será, para o Porto, o pavilhão Rosa Mota” ao mesmo tempo que pretende uma “discussão alargada na cidade que permita a renegociação do contrato e seu regresso à esfera pública e municipal”.