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Na Luz, não há tapete de Aladino mas o génio continua a sair da lâmpada (a crónica do Benfica-Portimonense)

Este artigo tem mais de 4 anos

Na semana em que muito se falou do relvado da Luz, Carlos Vinícius bisou em dois minutos e provou que continua a ser o génio da lâmpada de Lage. O Benfica goleou o Portimonense e é líder isolado.

O avançado brasileiro marcou dois golos no espaço de dois minutos
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O avançado brasileiro marcou dois golos no espaço de dois minutos

NurPhoto via Getty Images

O avançado brasileiro marcou dois golos no espaço de dois minutos

NurPhoto via Getty Images

Em agosto, a derrota que o Benfica sofreu na Luz com o FC Porto foi o culminar de uma série de exibições sofríveis onde o resultado foi constantemente melhor do que a prestação da equipa de Bruno Lage. Se, na semana anterior ao Clássico, os dragões tinham afastado a derrota da jornada inaugural com uma exibição global, em todos os aspetos e em toda a linha, contra o V. Setúbal, os encarnados tinham passado com dificuldade no Jamor perante o Belenenses SAD. No dia de receber o FC Porto, tal como tanto se escreveu e repetiu há já dois meses, o Benfica pareceu pouco preparado. As semanas passaram, a equipa de Lage venceu todos os jogos para a Liga desde aí mas voltou a entrar num vórtice de prestações e resultados curtos — entre Moreirense, V. Setúbal e Tondela.

Esta quarta-feira, numa jornada disputada a meio da semana para recuperar calendário depois de uma interrupção de quase um mês, o Benfica recebia o Portimonense e abria um ciclo penoso de quatro encontros em 12 dias (entre Campeonato e Liga dos Campeões). Mais do que o abrir dessa janela competitiva intensa, existia o risco real de que o encontro com os algarvios se tornasse, dois meses depois, o reeditar do dia em que as exibições sofríveis se tornavam resultados desagradáveis. Ainda que sem a importância subjetiva, o impacto extra-relvado e as consequências óbvias que a derrota com o FC Porto englobou, a verdade é que um deslize com o Portimonense podia abrir uma caixa de Pandora que Bruno Lage anda a tentar manter fechada há várias semanas.

Ficha de jogo

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Benfica-Portimonense, 4-0

9.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Rúben Dias, Jardel, Grimaldo, Samaris, Gabriel (Jota, 81′), Gedson, Cervi, Chiquinho (Pizzi, 72′), Carlos Vinícius (Seferovic, 67′)

Suplentes não utilizados: Zlobin, Ferro, Tomás Tavares, Taraabt

Treinador: Bruno Lage

Portimonense: Ricardo Ferreira, Koki Anzai, Hackman (Fernando, 78′), Lucas, Jadson, Rodrigo Freitas, Pedro Sá, Lucas Fernandes (Rômulo, 72′), Tabata, Iury, Aylton (Marlos, 58′)

Suplentes não utilizados: Samuel, Beto, Luquinhas, Cevallos

Treinador: António Folha

Golos: André Almeida (17′), André Almeida (47′), Carlos Vinícius (63′ e 65′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Lucas Fernandes (28′), André Almeida (54′)

Ainda assim, a verdade é que o Benfica foi um dos dois beneficiados com a derrota do Famalicão no Dragão e subiu à liderança da Primeira Liga, ainda que com desvantagem para o FC Porto no que diz respeito à diferença de golos, numa espécie de reposição de uma velha normalidade no topo da classificação. A luta a dois, contudo, tornava acrescidamente premente a necessidade de uma vitória e de evitar perder pontos: numa altura em que faltam cerca de sete meses e 25 jornadas para o final da Liga e onde a memória da temporada passada, decidida ponto por ponto e jogo por jogo, está ainda muito recente, qualquer escorregadela é não só um fator motivacional para o adversário como também uma arma de arremesso para os adeptos descontentes com as últimas exibições.

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Pelo meio de tudo isto, Rafa lesionou-se com gravidade e vai estar ausente durante alguns meses e Chiquinho regressou de lesão e cumpriu alguns minutos contra o Tondela. Na hora de escolher o onze inicial para a receção ao Portimonense, Bruno Lage colocou Samaris — que passou de não convocado a titular — no lugar de Florentino no meio-campo e fez outras quatro alterações face à equipa da jornada anterior: tirou Ferro, Pizzi, Taarabt e Seferovic e lançou Jardel, Gedson, Chiquinho e Carlos Vinícius (e Raúl de Tomás voltou a ficar de fora dos convocados). Para lá de apostar numa dupla atacante inédita e oferecer a primeira titularidade na Liga a Vinícius e a primeira titularidade de forma global a Chiquinho, o treinador encarnado deixava claro que a rotatividade, a rotatividade quase obrigatória face à entrada num período sobrecarregado, ia passar também por alterações, mudanças e poupanças na Primeira Liga — e não só nas Taças ou na Liga dos Campeões.

O jogo começou com um ritmo elevado, com uma jogada de perigo em cada uma das áreas, e era o Benfica quem tentava tomar conta da iniciativa e construir de forma apoiada e ponderada a partir da linha do meio-campo. Chiquinho, cujo regresso foi o ponto alto da exibição encarnada contra o Tondela, beneficiou do primeiro remate da partida, depois de um bom trabalho individual em que rodou sobre um defesa para atirar de fora de área mas por cima da baliza de Ricardo Ferreira (5′). O Portimonense respondeu com o lance mais perigoso até então, quando uma jogada de insistência na direita culminou num cruzamento largo para o segundo poste que foi desviado por Anzai (11′) — valeu Vlachodimos, que defendeu por instinto com o pé.

Se o Benfica ia tentando entrar no meio-campo adversário com a bola no pé, com Gabriel a comandar as operações, o Portimonense procurava sempre a profundidade e os passes verticais que motivavam transições rápidas e apanhavam a defesa do clube da Luz fora de posição e desprevenida — a velocidade de Aylton, Iury e Tabata era a chave desde modus operandi, que tinha como objetivo real chegar a um golo que pudesse desconstruir a dinâmica montada e preparada por Bruno Lage para a partida. Do lado do Benfica, o setor intermédio parecia estar ainda a adaptar-se à presença de um segundo avançado móvel, Chiquinho, que recuava vários metros no relvado para ir buscar jogo e não se cingia aos movimentos horizontais mais típicos de Seferovic, Vinícius e Raúl de Tomás. Exatamente por este fator, os encarnados tinham dificuldades em chegar perto da baliza de Ricardo Ferreira de bola corrida, já que os lances dificilmente fluíam com naturalidade da linha intermédia para a mais adiantada.

A equipa de Bruno Lage acabou por conseguir chegar ao golo através de uma bola parada, com um pontapé de canto batido na direita que foi desviado por Gabriel ao primeiro poste e que André Almeida aproveitou para, totalmente sozinho, finalizar com uma cabeçada certeira (17′). A vantagem ofereceu tranquilidade ao Benfica, já que os encarnados conseguiram segurar a posse de bola a partir do golo e, ainda que sempre com alguma dificuldade em romper as linhas defensivas bem organizadas do Portimonense, empurraram os algarvios para trás e corrigiram os erros na saída de bola (onde Gedson estava a ser um dos expoentes) que permitiam as investidas adversárias. Na ida para o intervalo, mesmo com um certo desacelerar nos últimos instantes, o Benfica estava a ganhar, tinha o jogo controlado e sabia que o FC Porto tinha acabado de escorregar na Madeira com o Marítimo.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-Portimonense:]

Na segunda parte, sem qualquer alteração tanto no Benfica como no Portimonense, os encarnados não demoraram dois minutos a aumentar uma vantagem que acabou por oferecer uma tranquilidade que se revelou frutífera nos minutos seguintes. Novamente a partir de um canto marcado na direita, André Almeida voltou a cabecear mas desta vez acertou na trave — na insistência, Grimaldo cruzou para o coração da área e Rúben Dias desviou já em esforço para voltar a bater Ricardo Ferreira (47′). Mesmo a perder por dois golos de diferença, o Portimonense não saiu da discussão do resultado e rejeitou recuar por completo, deixando as linhas algo espaçadas e lançando Marlos, emprestado pelo Manchester City, no lugar de um desgastado Aylton Boa Morte.

Quanto ao Benfica, o que tinha sido um pequeno obstáculo na primeira parte estava a tornar-se o abono de família na segunda. Chiquinho, numa evidente subida de rendimento que também se juntava e aliava a um maior entrosamento com a dinâmica da equipa e a adaptação dos colegas à medida que os minutos iam passando, desempenhava na perfeição a ligação entre a fase intermédia e Carlos Vinícius, cuja velocidade e poder de explosão lhe permitiam manter-se muito subido mas totalmente integrado na toada ofensiva da equipa. Foi precisamente assim, com duas cavalgadas que deixaram para trás os defesas do Portimonense, que o avançado bisou em dois minutos e encerrou as esperanças algarvias. Primeiro, com um passe de Grimaldo a partir da esquerda que Vinícius dominou, aproveitou para tirar os dois centrais do caminho e ainda teve força para evitar Ricardo Ferreira e marcar o terceiro do jogo (63′); depois, por intermédio de uma trivela de Chiquinho, que o avançado concluiu com um remate de primeira (65′).

Assente numa vantagem de quatro golos mais do que confortável, o Benfica geriu a partida até ao apito final e Bruno Lage ainda deu minutos a Seferovic, Pizzi e Jota (e Gedson quase se estreou a marcar na Luz). Com uma goleada tranquila perante um adversário complexo e uma exibição consistente que afastou os augúrios de uma caminhada que culminaria numa escorregadela, os encarnados aproveitaram o empate do FC Porto na Madeira e saem na 9.ª jornada enquanto líderes isolados da Primeira Liga, com mais dois pontos do que os dragões. Numa semana em que muito se falou sobre o estado do relvado do Estádio da Luz — ou sobre o precário estado do relvado do Estádio da Luz –, o terreno do recinto encarnado continua sem condições e responsáveis do clube viajaram até à Holanda para estudar hipóteses de substituição. Sem tapete de Aladino, Bruno Lage pode continuar com uma certeza: o génio Carlos Vinícius vai continuar a sair da lâmpada para oferecer soluções e ser muito mais do que uma opção de rotatividade.

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