A Câmara dos Representantes aprovou esta quinta-feira, em plenário, a primeira resolução que formaliza os próximos passos e procedimentos a seguir na investigação, que tem como objetivo o impeachment (destituição) de Donald Trump, e que autoriza audiências públicas neste caso. 232 deputados democratas votaram a favor e 196 republicanos votaram contra esta nova fase de inquérito do processo.

Apesar de ter sido anunciada uma investigação logo em setembro — conduzida à porta fechada por comissões da Câmara, de maioria democrata –, os republicanos exigiam há várias semanas uma votação formal para marcar o início desta investigação. Disseram, aliás, que esta investigação é uma autêntica “caça às bruxas”, considerando que o processo está a ser levado para a frente de forma inconstitucional.

A oposição está a tentar determinar se o Presidente republicano abusou do seu poder por razões pessoais quando pediu à Ucrânia que investigasse Joe Biden, rival democrata na corrida à Casa Branca.

Esta resolução agora aprovada, explica o Vox, estabelece aspetos nos procedimentos que o Comité tem de tomar daqui para a frente, incluindo a forma como serão realizadas as audiências públicas, quem vai conduzir estas audiências, quem vai colocar as questões e a possibilidade da elaboração de artigos de impeachment contra o Presidente dos Estados Unidos.

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No entanto, este passo em nada significa que está a ser iniciado um processo de destituição. A votação desta quinta-feira definiu apenas os próximos passos que mostram como os democratas vão começar a defender publicamente o impeachment do Presidente norte-americano. Ainda assim, é uma votação importante, uma vez que é a primeira vez que os legisladores indicam em plenário que vale a pena investigar o comportamento de Trump com a Ucrânia e se este se encaixa na definição legal de “altos crimes e delitos”, que podem deitar abaixo um Presidente.

Entre os 196 votos contra esta resolução estão os surpreendentes votos de dois democratas: Jeff Van Drew e Collin Peterson. Em comunicado, citado pela CNN, estes dois democratas explicam que votaram contra porque acreditam que “este inquérito vai dividir ainda mais o país, destruindo-o e falhando no Senado”. Van Drew acrescentou que agora que o inquérito “está a avançar”, fará “um julgamento com base em todas as provas apresentadas nas investigações”.

Esta é a quarta vez que uma investigação formal de impeachment de um Presidente norte-americano é aprovada, mas nunca nenhuma investigação foi até ao fim, ou seja, nunca resultou numa destituição.

“A votação de hoje prova apenas que todo o processo de impeachment foi uma farsa desde o início”

Logo após os resultados da votação, a organização da campanha de Donald Trump emitiu um comunicado, classificando todo o processo como “uma tentativa de remover um presidente corretamente eleito por um processo estritamente partidário e ilegítimo”.

“A votação de hoje [quinta-feira] prova apenas que todo o processo de impeachment foi uma farsa desde o início e que Nancy Pelosi não pode legitimá-lo após o facto”, acrescenta a nota enviada, sublinhando que “todos podem ler a transcrição da ligação telefónica da Ucrânia e ver que não houve contrapartida nem base para anular os resultados legítimos das eleições de 2016.

“Os eleitores vão punir os democratas que apoiam esta farsa e o Presidente Trump será facilmente reeleito”, asseguram ainda, citados pela CNN. Também Donald Trump já fez uso do Twitter para reagir ao resultado. E disse apenas uma frase: “A maior caça às bruxas na história da América”.

Agora que a investigação formal foi aprovada, explicou Adam Schiff, diretor do Comité de Informações da Câmara dos Representantes, as audiências, serão abertas e os advogados poderão colocar questões no máximo de 45 minutos. De seguida, será a vez dos membros do Comité colocarem as suas perguntas. Além disso, esta resolução permite também a divulgação das transcrições dos depoimentos que foram realizados à porta fechada desde o mês passado.