O governo da Guiné-Bissau liderado por Aristides Gomes agradeceu esta quinta-feira aos militares do país por não se imiscuírem na crise política que o país atravessa, bem como aos guineenses e à comunidade internacional pela solidariedade manifestada.

Num comunicado, divulgado à imprensa depois de uma reunião do Conselho de Ministros, o governo felicita a “postura republicana e responsável” das forças de Defesa e Segurança, “expressa publicamente pelo chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas” na quarta-feira, e “apela a que mantenham a atitude de distanciamento do jogo político”.

Fontes militares e da polícia contactadas pela Lusa já tinham afirmado a garantia dada pelo general Biagué N’Tan durante uma reunião na quarta-feira, que juntou os comandos das Forças Armadas, da Guarda Nacional, da Polícia de Ordem Pública e da Polícia Judiciária, bem como da Ecomib, força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e das Nações Unidas.

O Presidente guineense, José Mário Vaz, candidato às eleições presidenciais e cujo mandato terminou a 23 de junho, demitiu na segunda-feira o governo liderado por Aristides Gomes e nomeou Faustino Imbali como primeiro-ministro da Guiné-Bissau.

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A União Africana, a União Europeia, a CEDEAO, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e as Nações Unidas já condenaram a decisão do Presidente José Mário Vaz e disseram que apenas reconhecem o Governo saído das eleições legislativas de 10 de março, que continua em funções.

A Guiné-Bissau tem presidenciais marcadas para 24 de novembro e a segunda volta, caso seja necessária, vai decorrer a 29 de dezembro.

No comunicado, o governo agradeceu ao “povo da Guiné-Bissau (no país e na diáspora) pela solidariedade manifestada ao governo legítimo” do país e agradeceu os posicionamentos de várias organizações da sociedade civil.

O governo de Aristides Gomes – do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das eleições legislativas de março – agradece o “posicionamento firme” da comunidade internacional, nomeadamente Nações Unidas, União Africana, União Europeia, CEDEAO e CPLP ao condenar a “tentativa de impedir a realização de presidenciais e reiterar o apoio” ao atual Executivo.

O governo guineense salienta também que as instituições do Estado estão a funcionar “normalmente” e que os salários da função pública do mês de outubro já estão a ser pagos. “A auditoria requerida à CEDEAO aos ficheiros eleitorais utilizados nas eleições legislativas de 10 de março já está no país e a trabalhar com os órgãos eleitorais”, salienta.