Se na semana passada foi Cristiano Ronaldo a fazer correr muita tinta com a entrevista honesta e sem pudores que deu à France Football, onde até revelou que por ele já só participava nos jogos da Liga dos Campeões e da Seleção Nacional, desta vez foi a própria mãe do jogador português a falar sem grandes pruridos. À SIC Notícias, Dolores Aveiro explicou que acredita que Ronaldo vai conquistar novamente a Bola de Ouro mas defendeu que para o avançado da Juventus este tipo de distinção é sempre mais complicado do que para os restantes jogadores — porque existe aquilo a que chama uma “máfia”.

“Existe máfia. É a palavra indicada. Se formos olhar para o que já se passou vemos que é máfia. Se fosse espanhol ou inglês não faziam aquilo que chegaram a fazer mas como é um português, e logo da Madeira, acontece isto”, disse a mãe de Cristiano Ronaldo. Máfias à parte, e apenas três dias depois de ter sido decidido ao marcar o golo da vitória da Juventus perante o Génova, o jogador português voltava a entrar em campo no dérbi de Turim, contra o Torino, num jogo sempre complicado que a equipa de Maurizio Sarri estava obrigada a vencer.

Depois de ter valido a vitória contra o Génova, o jogador português não marcou ao Torino

Antes de a Juventus entrar em campo, o Inter Milão deu a volta a uma desvantagem com o Bolonha e conseguiu ganhar graças a um bis de Lukaku, passando para a liderança provisória da Serie A, com mais dois pontos do que a vecchia signora. Para regressar ao topo da classificação, a Juventus precisava de conquistar os três pontos numa partida em que Sarri já parecia fazer algumas poupanças a pensar no encontro da Liga dos Campeões, a meio da semana, com o Lokomotiv Moscovo na Rússia. Khedira, Higuaín e Alex Sandro eram suplentes, saltando De Sciglio, Bernardeschi e Dybala para o onze inicial.

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Depois do nulo ao intervalo, Sarri antecipou-se a Walter Mazzarri e começou por lançar Higuaín no lugar de Dybala — que, como normalmente, não ficou contente por sair de campo. A troca por troca de argentinos, porém, acabou por revelar-se fulcral, já que foi o ex-Chelsea que estava no sítio certo para fazer a assistência para o golo decisivo. Depois de um canto batido na esquerda, Cristiano Ronaldo não conseguiu chegar ao terceiro andar ao segundo poste e a bola sobrou para Higuaín, que fez um passe para uma zona quase deserta no coração da grande área. De Ligt, o jovem central holandês que é agora titular graças à grave lesão de Chiellini, apareceu a rematar de primeira para inaugurar o marcador e estrear-se a marcar pela Juventus (70′).

A Juventus ainda teve de se esforçar para manter a vantagem — Sarri colocou em campo Ramsey e Khedira para agarrar o meio-campo e ganhar segurança na hora de manter a posse de bola — mas acabou por conseguir carimbar a vitória e os três pontos, reconquistando a liderança da liga italiana com mais um ponto do que o Inter. De Ligt, o holandês que marcou o golo que fez a diferença, vai com toda a certeza olhar para o remate deste sábado como um fator motivacional dentro de um período menos bom que tem vindo a atravessar em Itália: o central admitiu, há algumas semanas, que se sente menos confiante do que se sentia no Ajax e que a adaptação ao novo país não tem sido fácil. Ao seu lado, contudo, tem Cristiano Ronaldo, que ainda no verão e no relvado do Dragão, depois da final da Liga das Nações, o convenceu a dizer que não ao Barcelona e a aceitar o convite da Juventus. Segundo Dolores Aveiro, existe uma máfia no futebol que se apoia mutuamente. O único lobby feito pelo jogador português, ainda assim, garantiu à equipa que representa uma vitória que estava difícil de sair.