Durante o verão, a saída de Nélson Semedo do Barcelona esteve permanentemente em cima da mesa. Os jornais espanhóis garantiram, durante várias semanas, que o lateral português estava descontente com os factos de estar a dividir minutos com Sergi Roberto na direita da defesa, de não ser opção indiscutível para Ernesto Valverde e de não ter a preponderância desejada no onze inicial. Tudo isto, aliado a um interesse palpável do Atl. Madrid e da Juventus, deixavam Semedo na porta de saída — uma saída que o Barcelona só aceitava em troca de 50 milhões de euros.
A intransigência do clube espanhol, que acabou por vencer esta batalha e garantir a permanência do lateral na Catalunha, devia-se ao facto de Valverde olhar para o português como uma solução de futuro, um jogador com margem de progressão que poderia tornar-se importante nos próximos anos e cuja manutenção em Barcelona ainda poderia garantir muitas alegrias. Por esta altura, no final de outubro, Nélson Semedo estará agradecido à teimosia do clube.
FYI #Messi’s 38th minute goal extended his scoring streak to five matches in a row! ???????????????????? pic.twitter.com/saBhm2GBTd
— FC Barcelona (@FCBarcelona) November 2, 2019
No início de novembro, entre liga espanhola e Liga dos Campeões, o jogador português é um de apenas três jogadores do clube que marcaram presença em todos os jogos (os outros são o guarda-redes Ter Stegen e Frenkie De Jong). Numa fase da temporada em que os jornais espanhóis garantem que o Barcelona já negoceia a renovação com o jogador português face às boas exibições desde o início da temporada — e depois de já ter conquistado a titularidade na Seleção Nacional, também graças à pouca utilização de João Cancelo no Manchester City –, Nélson Semedo foi um dos melhores na primeira parte contra o Levante, este sábado, onde o fluxo ofensivo catalão deixou muito a desejar, e sofreu a grande penalidade que foi convertida por Lionel Messi e que garantiu a vantagem que o Barcelona levou para o intervalo (38′).
Na segunda parte, já sem Luis Suárez, que saiu lesionado nos últimos instantes do primeiro tempo, a equipa de Valverde regressou a apresentar os mesmos serviços mínimos que tinha deixado em campo nos 45 minutos iniciais. As poupanças do treinador, já a pensar no jogo da Liga dos Campeões a meio da semana com o Slavia Praga, deixavam Busquets, Rakitic e Jordi Alba no banco de suplentes — a ausência deste último do onze, porém, só reiterou a confiança em Nélson Semedo, já que o jogador deixou a direita e atuou na esquerda no lugar de Alba, demonstrando polivalência — e retiravam criatividade e qualidade à dinâmica da equipa. A crescente subida de rendimento do Levante na segunda parte, aliada a um adormecimento do Barcelona, acabou por culminar no golo do empate, por volta da hora de jogo, por intermédio de Campaña (61′).
O golo sofrido, mais do que motivar uma reação por parte de uma equipa supostamente preparada e consolidada, provocou o descontrolo total do conjunto de Ernesto Valverde, que apenas dois minutos depois de sofrer o empate viu Borja Mayoral — emprestado pelo Real Madrid ao Levante — confirmar a reviravolta com um grande remate (63′). Sem o discernimento suficiente para ir à procura do empate ou sequer da vitória, o Barcelona viu Busquets e Ansu Fati entrarem para os lugares de Vidal e Arthur para obter solidez no meio-campo e poder de fogo no ataque. A partida, ainda assim, estava tal e qual como o Levante queria: quezilenta, com muitas faltas, sem organização e totalmente partida, aberta a transições rápidas e superioridades numéricas. A conjugação de todos estes fatores abriu espaço ao surpreendente terceiro golo, que praticamente afastou o Barcelona dos destinos do jogo, através de Radoja (68′), e Messi ainda bisou mas o lance foi anulado por fora de jogo de Griezmann no início da jogada.
O Barcelona foi a Levante perder e interromper uma série de sete jogos seguidos a vencer para todas as competições, ficando agora com a liderança em risco, já que o Real Madrid passa para o primeiro lugar da liga espanhola se vencer o Betis ainda este sábado. Nélson Semedo, que foi um dos melhores dos catalães em todo o jogo, sofreu a grande penalidade que deu o primeiro golo, foi uma das escassas unidades que procurou avançar já em desvantagem mas não conseguiu evitar que o castelo de cartas de Ernesto Valverde desmoronasse.