A 4 de fevereiro de 1995, a vitória do Benfica frente ao Sporting por 92-74 teve a pouca história que o resultado no final traduziu mas acabou por entrar na história de forma bem maior do que se poderia pensar: até hoje, 24 anos e nove meses depois, não mais os rivais lisboetas voltaram a jogar no Campeonato de basquetebol. E o regresso veio trazer também um grande jogo, bem mais equilibrado do que aqueles que a geração dourada dos encarnados nos anos 90 ganhava com relativa facilidade contra um conjunto leonino a cair na competitividade.

Com duas figuras que passaram pelos dois conjuntos no banco de suplentes – Carlos Lisboa, o melhor jogador português de sempre, é treinador principal do Benfica, enquanto Flávio Nascimento, brasileiro naturalizado, está como adjunto de Luís Magalhães no Sporting – e um ambiente típico de grandes jogos quase que colocando mais um carimbo no crescimento do basquetebol nacional, os leões até começaram melhor mas os encarnados foram superiores sobretudo na segunda parte, ganhando por 85-79 e aumentando o jejum de vitórias do rival verde e branco na Luz em encontros para o Campeonato para 32 anos (outubro de 1987).

Num início de jogo muito movimentado e com as duas equipas a conseguirem ataques rápidos com lançamento em vários momentos, Micah Downs inaugurou o marcador mas foi o conjunto verde e branco a passar para a frente nos minutos iniciais com vantagens que chegaram a estar nos cinco pontos. Ponto curioso: três das figuras em destaque tinham sido campeãs no ano passado pela Oliveirense, entre o benfiquista Eric Coleman e os sportinguistas James Ellisor e Travante Williams. E seria o último que, perante a pior eficácia de lançamento dos visitados sobretudo no tiro exterior, viria a carimbar o 21-14 no final do primeiro período com um triplo no último segundo.

O segundo parcial teve um arranque menos conseguido dos dois lados, sem pontos à exceção de um lançamento livre de Cláudio Fonseca, mas um triplo de Fábio Lima desfez essa seca e relançou o Benfica no encontro numa fase em que Lisboa se preparava para pedir um desconto de tempo ao ponto de ter fechado com mais um lançamento exterior a passagem para a frente por 24-22, aproveitando o eclipse ofensivo dos leões com um ponto em cerca de cinco minutos. Os encarnados chegaram mesmo a ter cinco pontos de avanço mas Ellisor e Travante fizeram de novo o empate tendo um total de 22 dos 31 pontos do Sporting até esse momento. O intervalo chegaria com o Benfica a ganhar por 40-38, tendo como grande figura Fábio Lima com 100% de eficácia em quatro triplos.

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Após o intervalo, Fábio Lima e Micah Downs mantiveram a eficácia nos lançamentos exteriores mas foi na defesa que os encarnados iam criando ascendente, a condicionar o jogo coletivo do Sporting e a forçar mais as ações individuais das principais referências verde e brancas (Nazione, que não teve minutos no primeiro tempo, entrou em campo mas foi Abu a destacar-se dos demais no jogo interior). As diferenças iam alternando entre os quatro e os oito pontos mas chegou à casa dos dois dígitos mesmo em cima do final do período, com Betinho a aparecer finalmente no jogo para fazer a diferença no tiro exterior mas também na luta das tabelas (64-54).

O Sporting ainda arriscou na parte final uma defesa campo inteiro que permitisse ganhar bolas mais cedo, forçar o erro adversário e criar dificuldades no jogo organizado do adversário mas a maior experiência da equipa do Benfica acabou por prevalecer (e com Damian Hollis a surgir também em destaque nos derradeiros minutos da partida, antes de sair com queixas físicas), nunca permitindo que os leões se aproximassem muito no marcador até ao triunfo final por 85-79 que coloca as equipas em igualdade pontual na tabela classificativa à espera do resultado do FC Porto que, depois do triunfo no clássico da semana passada com as águias, é a única formação sem derrotas.