Aquela que a imprensa espanhola já chamou de “a rainha humilhada”, devido aos alegados casos extraconjugais de Juan Carlos I, celebra este sábado, 2 de novembro, 81 anos. O nome de Sofía, rainha emérita de Espanha, tem estado continuamente colado a escândalos nem sempre por si protagonizados, mas a data agora assinalada surge numa altura em que a família real espanhola parece estar mais perto da reconciliação, pelo menos a julgar por este artigo assinado pelo El País.
O caso Nóos, as férias em Maiorca e os doces: o que azedou a relação de Letizia e Sofía?
Há um ano, recordemos, a família real posava para uma fotografia a propósito dos 80 anos da antiga rainha, um retrato que esteve no centro de mais uma polémica: na imagem, Juan Carlos aparecia visivelmente debilitado — “aleijado” segundo alguns jornais –, sendo que Letízia terá decidido revelar essa imagem como uma forma de vingança. Apesar de a perna direita de Juan Carlos não estar na melhor forma, no retrato surgiam, pela primeira vez em muito tempo, a infanta Cristina, cujo marido está encarcerado por conta do escândalo de corrupção Nóos, e os filhos. O El País escreve que esse foi o melhor presente que Sofía podia ter recebido pelo aniversário.
Agora, os 81 anos chegam numa altura em que os tempos mais conturbados parecem estar para trás, inclusive o episódio na missa pascal do ano passado, evento que ficou marcado por uma situação tensa entre Letízia e Sofía, quando esta tentou tirar uma fotografia com as netas e foi impedida pela ex-jornalista — mais tarde, ambas apareceriam em público unidas, cúmplices e a distribuir sorrisos.
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Há um ano, o Observador escreveu que quem segue atentamente a vida dos membros da corte espanhola garante que poucos são os elementos da família real que se dão bem. O catalão El Nacional resumia, à data, as divergências de forma curiosa: “No fundo odeiam-se todos: Sofia com Juan Carlos I, Sofia com Letizia, Letizia com Juan Carlos I, Letizia com [a infanta] Cristina, Letizia com Elene e um grande etcetera“.
Apesar das crises mediáticas, Sofía continua a ser um dos membros mais valorizados da casa real espanhola e quem com ela trabalha gaba-lhe a perseverança. Os anos de afastamento entre Sofía e Juan Carlos parecem ter-se esbatido ligeiramente, não que o casal tenha novamente uma vida conjugal, mas os dois têm passado algum tempo juntos e comparecido em eventos sociais, incluindo o casamento de Rafael Nadal e Mery Perelló, que aconteceu a 19 de outubro. Neste verão chegaram até a passar alguns dias na companhia um do outro no palácio de Marivent.
O jornal já citado assegura que a tensão entre a infanta Cristina e os reis de Espanha continua a existir, embora esteja também mais aligeirada, sendo que as visitas da irmã do atual rei a Madrid ter-se-ão normalizado. A infanta nasceu num berço de ouro, mas o casamento com Iñaki Urdangarin distanciou-a da família e levou-a à justiça. Cristina foi absolvida do caso Nóos no começo de 2017, mas o marido acabou por ser condenado a seis anos e três meses de prisão por crimes de prevaricação, desvio de capitais, fraude, tráfico de influência e delitos contra o tesouro.
Recentemente, a princesa Leonor de Espanha estreou-se ao entregar os Prémios Princesa das Astúrias (instituição que preside a título honorário) e ao discursar no mesmo sítio onde o pai, o rei Felipe VI, também se dirigiu ao público pela primeira vez no dia 3 de outubro de 1981, quando tinha os mesmos 13 anos que a filha. Na parte final da intervenção de Leonor houve tempo para um agradecimento emocionado à avó paterna, Sofía: “Ela sabe o importante que é para mim tê-la aqui nesta cerimónia que significa tanto para as Astúrias e para toda a Espanha (…) Este momento será inesquecível para mim e, como disse o meu pai aqui mesmo, quando tinha a minha idade, ‘vou levá-lo para sempre no fundo do meu coração’.”
Para o La Vanguardia, a mãe do rei de Espanha cumpre este sábado 81 anos com o sentimento de dever cumprido.