A 10 de novembro, Espanha realiza as quartas eleições gerais no espaço de quatro anos. E se as anteriores resultaram em maiorias insuficientes para formar soluções de governo estáveis (com um vencedor a necessitar sempre de múltiplos acordos com os partidos mais pequenos, numa versão pesadelo da famosa “geringonça à portuguesa”) na votação de domingo a sete dias, a noite não deverá terminar de forma muito diferente.

Há duas certezas, porém: o PSOE é o partido mais votado, mas o bloqueio político vai continuar. Pelo menos é o que indica a mais recente sondagem da 40dB para o jornal madrileno El País. Senão vejamos: a sondagem indica que o partido socialista, liderado por Pedro Sánchez, deverá conseguir 121 assentos (menos dois que nas eleições de abril), bastante longe da maioria absoluta.

Então e coligações pós-eleitorais? Só o Podemos não chega. A formação de Pablo Iglesias (agora denominada Unidas Podemos) passa de 42 para 31 deputados, indica a 40dB. Ou seja, Pedro Sánchez precisaria de, pelo menos, mais dois parceiros. Somando só os cinco que deverá obter o Más País, de Íñigo Errejón (o antigo número dois de Iglesias, que saiu do Podemos), não dá. Nem somando o mais improvável Ciudadanos, de Albert Rivera.

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O partido centro-direita liberal sofre um tombo de todo o tamanho, passando de 57 assentos em abril para… 14 em novembro. E este resultado deve-se, em grande medida, à subida da direita mais conservadora. O PP, de Pablo Casado, chega aos 91 deputados (face aos 66 que tem agora) e o Vox passa a terceira força política, com 46 deputados (quase o dobro dos atuais 24).

Últimas notas para a CUP e para o Más País. A Candidatura de Unidade Popular (CUP, partido de extrema-esquerda radical independentista catalão) apresenta-se pela primeira vez às eleições gerais espanholas e a sondagem da 40dB indica que poderá eleger até dois nomes para o Congresso dos Deputados, o que ajudará sempre a baralhar as contas. O mesmo se aplica ao Más País, uma formação que nasce das lutas internas do Podemos e que, com Íñigo Errejón, poderá estrear-se no hemiciclo espanhol logo com cinco representantes, o que daria para ter um grupo parlamentar (em Espanha, o mínimo para isso são cinco representantes).

Em resumo, o bloco da esquerda espanhola (PSOE, Unidas Podemos e Más País) soma 157 assentos, enquanto o bloco da direita (PP, Vox, Ciudadanos e também os dois deputados do Navarra Suma) fica-se pelos 153. Ambos os blocos estão longe dos 176 da maioria absoluta, mas é de salientar o crescimento da ala direita em Espanha, especialmente face a abril (mas com o PP, na altura, a registar o seu pior resultado de sempre).

A própria sondagem do El País é clara quanto ao resultado mais previsível de tudo isto: 52,2% de possibilidades de vir a ser formado um governo fraco que leve a eleições antecipadas. E 24% de possibilidades de repetição de eleições por falta de qualquer tipo de solução. Em ambos os casos seriam as quintas eleições em cinco anos.