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O regresso do ciclo vicioso. Por demérito de Bruno, por culpa de Bruno (a crónica do Tondela-Sporting)

Este artigo tem mais de 4 anos

Bruno Fernandes não conseguiu ser herói, Bruno Wilson tornou-se "vilão" e o Sporting perdeu em Tondela – que nunca tinha ganho em casa (1-0). No final, nem lenços brancos houve (o que não é bom).

Bruno Fernandes bem tentou remar contra a maré mas Tondela de Bruno Wilson levou a melhor com um golo ao cair do pano
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Bruno Fernandes bem tentou remar contra a maré mas Tondela de Bruno Wilson levou a melhor com um golo ao cair do pano

EPA

Bruno Fernandes bem tentou remar contra a maré mas Tondela de Bruno Wilson levou a melhor com um golo ao cair do pano

EPA

Cada jogo que passa, cada ideia para cumprir. Mais do que o típico “pensar jogo a jogo”, Jorge Silas tem sempre um objetivo novo a par da vitória para o encontro que se segue. Neste caso, e depois do terceiro triunfo consecutivo na Primeira Liga em Paços de Ferreira, o treinador verde e branco cingiu o próximo capítulo da construção da equipa que pretende mais à sua imagem ao controlo do jogo, o “ter bola” que dá outra margem de gestão e equilíbrio em campo. Depois das dificuldades sentidas na última partida, fazia sentido pensar assim. Mas o problema dos leões era outro: por cada unidade de aprendizagem introduzida ficava sempre algo por reter. Em linguagem escolar, era como se não passasse do “Suficiente” ou “Suficiente +” sem chegar ao “Bom” e a saltar logo para outra matéria.

Sporting perde em Tondela com golo aos 88′ e fica a dez pontos do Benfica (em dez jornadas)

Sem Mathieu, que depois da grande exibição com o V. Guimarães acabou em défice físico o jogo com o P. Ferreira, Silas apostou em Tiago Ilori para fazer dupla com Coates no centro da defesa. Houve mais alterações, como a troca de Jesé Rodríguez por Bolasie na frente e a entrada de Miguel Luís para o lugar de Eduardo – o que levou a uma outra identidade tática em Tondela, com o desenho de um losango no meio-campo que tinha Bruno Fernandes como médio interior esquerdo e Vietto na posição ’10’. Todavia, era no central formado em Alcochete que recaíam as atenções para se perceber a capacidade que teria para fazer da superação individual uma força coletiva.

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Depois de ter saído do Sporting no epílogo de um braço de ferro onde assumiu estar disposto a não jogar durante dois anos se fosse preciso para sair do clube, o defesa acabou por ser vendido para o Liverpool, onde praticamente não jogou entre 2013 e 2017 entre empréstimos a Granada, Bordéus, Aston Villa e Reading, onde acabou por ficar a título definitivo na Segunda Liga antes de voltar a Alvalade. Mas voltou já sem aquela áurea de prodígio saído da formação. Sem aquela curiosidade de ter conseguido bater os testes de velocidade de nomes como Ronaldo ou Nani na Academia. Sem aquela capacidade de ser o central que sai mais com bola jogando ao lado de um patrão. E se muita gente torceu o nariz ao regresso, as primeiras exibições também não trouxeram mais amigos. Nem as primeiras nem a desta noite, onde até teve uma chance para marcar mas voltou numa derrota (1-0).

Ficha de jogo

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Tondela-Sporting, 1-0

10.ª jornada da Primeira Liga

Estádio João Cardoso, em Tondela

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Tondela: Cláudio Ramos; Yohan Tavares, Bruno Wilson, Philipe Sampaio; Moufi, João Pedro (Jaquité, 74′), Pepelu, Filipe Ferreira; Murillo, Xavier (Richard Rodrigues, 46′) e Tomislav Strkalj (Jonathan Toro, 59′)

Suplentes não utilizados: Niasse, João Reis, Ricardo Alves e Castillo

Treinador: Natxo González

Sporting: Renan Ribeiro; Ristovski, Ilori, Coates, Acuña; Doumbia (Eduardo, 69′), Miguel Luís, Bruno Fernandes; Vietto, Bolasie (Rafael Camacho, 79′) e Luiz Phellype (Jesé Rodríguez, 63′)

Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, Neto, Borja e Rodrigo Fernandes

Treinador: Jorge Silas

Golo: Bruno Wilson (88′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Xavier (5′), Doumbia (11′), Filipe Ferreira (45+4′), Cláudio Ramos (49′), Eduardo (71′), João Pedro (73′) e Vietto (90+5′)

Mais do que ter ou não maior ou melhor controlo no encontro, mais do que ter ou não maiores ou melhores oportunidades de golo, mais do que ter maior ou melhor dependência de Bruno Fernandes, o grande problema do Sporting, que se arrasta desde o início da temporada, tem a ver com a forma como a equipa sofre golos com uma enorme facilidade. Esta noite, esse aspeto não poderia ter sido mais cruel: uma oportunidade, um golo de Bruno Wilson, o neto do mítico Mário Wilson que passou pela formação leonina. Antes, em termos globais, viu-se uma das exibições mais consistentes desde que Silas assumiu o comando. Com controlo, com bola, com domínio posicional, com intensidade. Tudo até ao último terço e o melhor exemplo para explicar isso mesmo foi o facto de haver apenas dois remates enquadrados de Bruno Fernandes de livre direto (para não variar, o melhor jogador da formação verde e branca… até no capítulos dos desarmes). No final, os leões voltaram a perder no Campeonato, ficaram a dez pontos do primeiro lugar e nem houve lenços brancos – o que não é bom sinal…

A primeira parte começou como acabou, pelo menos da parte do Sporting e no que diz respeito a remates que saíssem enquadrados – ou seja, zero. Só por aqui é fácil depreender a produção ofensiva do conjunto leonino ao longo dos 45 minutos iniciais. No entanto, esta foi ainda assim uma das melhores primeiras partes desde que Silas assumiu o comando da equipa noutros parâmetros, nomeadamente o tal controlo do jogo: sem conceder nenhuma oportunidade de transição rápida ou contra-ataque ao Tondela, os leões foram passando muito jogo na fase de construção pelo meio-campo antes de explorarem os corredores laterais, com Ristovski em destaque nas incursões pela direita. Chegados ao último terço, vinha o oásis. De ideias, de espaços, de oportunidades.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Tondela-Sporting em vídeo]

Assim, foi preciso esperar mais de meia hora para se ver a primeira (e única) chance flagrante da metade inicial, curiosamente numa fase em que Bruno Fernandes tinha flutuado para interior direito e podia combinar com o lateral direito macedónio (um dos melhores amigos também fora de campo), mas o remate de Miguel Luís sozinho na área acabou por sair por cima. Logo no minuto seguinte, também Bolasie conseguiu ganhar de cabeça mas a bola saiu por cima. E ainda houve um remate de Miguel Luís de fora da área a sair ao lado. De Bruno Fernandes, o registo máximo a nível de desarmes, um registo nulo nos remates. Ele, mais do que ninguém, servia de exemplo paradigmático do que era o Sporting: uma manta que tapava debilidades mas não exploravas forças.

Nos descontos da primeira parte, Filipe Ferreira ainda chegou a ver vermelho direto por uma entrada com o pé alto sobre Doumbia mas Fábio Veríssimo, após ver as imagens por indicação do VAR, acabou por anular a decisão e ficar apenas pelo amarelo. Menos um problema para Natxo González que, também por uma questão disciplinar, trocou Xavier por Richard Rodrigues ao intervalo, evitando um segundo cartão para o extremo que, além de ter andado sempre desligado do jogo, já tinha arriscado também com uma falta sobre Ristovski. Já Silas preferiu manter os mesmo jogadores com outras nuances táticas, tentando desmanchar a organização do Tondela.

O aumento da intensidade e a maior velocidade de jogo do meio-campo para a frente veio trazer outro tipo de problemas ao conjunto beirão, com cada vez mais dificuldades em sair com bola controlada e a ter apenas um remate de Richard pouco depois da hora de jogo (e à figura de Renan). Já o Sporting, que teve num livre direto de Bruno Fernandes bem travado por Cláudio Ramos a melhor chance no arranque do segundo tempo (57′), apostava na mobilidade para desposicionar a defesa do Tondela, lançando Jesé para o lugar de Luiz Phellype e mais tarde Rafael Camacho em vez de Bolasie. Os leões tinham muita bola, total domínio territorial mas muitas dificuldades na criação de boas chances, enquadrando apenas mais um remate em novo livre de Bruno Fernandes (67′) entre muitas tentativas que iam sendo feitas com remates de meia distância por cima e ao lado.

Tudo apontava para dois cenários: ou um nulo, quase que castigando ambas as equipas pela inoperância ofensiva revelada; ou um triunfo do Sporting, como aquele que levantou muita polémica há dois anos quando Coates marcou já para lá dos descontos. Apontava para dois, criou-se um terceiro: num livre lateral batido na direita do ataque, Bruno Wilson apareceu ao segundo poste a cabecear para o 1-0 que deixou Renan pregado ao chão sem reação, naquele que foi o único remate enquadrado com perigo do Tondela ao longo do jogo (88′).

Com pouco tempo para reagir, Coates ainda foi lá à frente para ganhar as primeiras bolas no jogo aéreo mas o resultado já não se alterou. Em dez jogos para o Campeonato, o Sporting, o candidato ao título Sporting, ganhou apenas metade e soma já três derrotas, cavando uma distância de dez pontos para o líder Benfica e podendo ficar agora a oito do FC Porto. Ouviram-se os cânticos contra o presidente Frederico Varandas, as reações aos jogadores variaram entre tímidos aplausos e alguns assobios mas a falta de lenços brancos deixou também uma imagem que é a pior que se pode ter nestas fases: de resignação. E é essa resignação que traz de volta o ciclo vicioso. 

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