Uma família do Bangladesh está prestes a ser deportada depois de lhe ter sido negada a reemissão do visto devido a uma pequena deficiência que afeta o filho único de cinco anos.

A lei australiana de imigração tem uma cláusula que esclarece que “por um pagam todos”, no que diz respeito ao cumprimento dos requisitos para a imigração. Neste caso, a razão apontada é o fardo para os contribuintes autralianos que o problema da criança poderá gerar.

Adyan tem cinco anos e nasceu na Austrália aparentemente saudável, mas pouco tempo depois foi-lhe diagnosticada uma leve paralisia cerebral que lhe causa a perda de força no lado esquerdo. A criança consegue caminhar sozinha e até segurar objetos com a mão esquerda, necessitando apenas de auxílio para subir escadas e rampas.

Num relatório médico a que o The Guardian teve acesso está explícita a autonomia a nível de movimentos, mas não são avaliadas as capacidades cognitivas de Adyan. O pai garante que o filho tem ido ao infantário e que “não tem dificuldades de aprendizagem, tem ido à escola e aprendido tudo”, disse ao jornal britânico.

Caso Adyan tenha dificuldades de aprendizagem, o argumento para retirar o visto à família ganha peso, uma vez que seria necessário auxílio especial na escola.

O primeiro a mudar-se para a Austrália foi o pai, Mahedi Hasan Bhuiyan, que foi selecionado para se candidatar a um visto de estada permanente por trabalhar no país. É detentor de uma licenciatura obtida no Bangladesh, um mestrado na Coreia do Sul e um doutoramento que realizou já na Austrália. A mãe da criança, Rebaka Sultana, também está na Austrália onde se encontra a aguardar um exame de equivalência para as suas qualificações como médica no país.

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Neste momento ambos têm a vida em suspenso com explicou Bhuiyan ao jornal inglês: “Esta situação é muito difícil (…). O meu supervisor na [Universidade de] Deakin diz que me vai incluir num projeto assim que a situação com o visto ficar resolvida”. Até lá, a família tem um visto provisório renovado a cada três meses.

A família já apelou ao ministro da Imigração australiano, David Coleman, pedindo-lhe que impedisse a deportação. O ministro tem o poder de aprovar ou recusar um visto, sem qualquer tipo de justificação ou explicação.

Este não é um caso único no país. Sob o mesmo pretexto, uma família do Butão recorreu também ao ministro da Imigração por estar na iminência de ser deportada após sete anos a residir na Austrália. O tribunal da Austrália (AAT) explicou ao jornal inglês que a razão para a deportação era a surdez de uma criança, um peso para os contribuintes australianos.

O mesmo se passou com uma outra criança de uma família de origem filipina, quando o filho foi diagnosticado com autismo pouco tempo depois da chegada à Austrália. Nos dois os casos o ministro da imigração concedeu os vistos.