O governo de Faustino Imbali acusou a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de ingerência nos assuntos internos da Guiné-Bissau ao desafiar as decisões do Presidente, José Mário Vaz, nomeadamente a de nomear um novo governo.

“A missão da CEDEAO, ao ser recebida por um primeiro-ministro demitido, violou gravemente a Constituição na República da Guiné-Bissau e ingeriu-se nos assuntos internos de um Estado-membro, ao desafiar as decisões do chefe de Estado da República da Guiné-Bissau”, refere o Governo de Faustino Imbali, em comunicado divulgado no domingo à noite à imprensa.

No comunicado, assinado pelo ministro de Estado Jorge Fernandes Mandinga, o executivo de Faustino Imbali apela à CEDEAO para uma “correção imediata da abordagem dos membros da sua missão ministerial de seguimento no sentido de uma estrita observância do Tratado da CEDEAO e dos procedimentos constantes do seu quadro legal”.

O objetivo, segundo o comunicado, é “evitar eventuais amálgamas e sentimentos de revolta da população da Guiné-Bissau” face à organização.

O governo liderado por Faustino Imbali sublinha também que a “viragem política para a nova maioria não tem qualquer intenção de atrasar ou de não realizar as eleições de 24 de novembro”.

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As eleições presidenciais serão realizadas na data prevista, pela Comissão Nacional de Eleições e não pela secretaria de Estado da Gestão Eleitoral”, salienta-se no comunicado.

A Guiné-Bissau vive um momento de grande tensão política, tendo o país neste momento dois governos e dois primeiros-ministros, nomeadamente Aristides Gomes e Faustino Imbali. O Presidente guineense deu posse no dia 31 de outubro a um novo governo, depois de ter demitido o governo liderado por Aristides Gomes em 28 de outubro, e afirmou no domingo que a sua decisão “é irreversível”.

Guiné-Bissau. Presidente da República demite Governo do primeiro-ministro Aristides Gomes

A União Africana, a União Europeia, a CEDEAO, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e as Nações Unidas já condenaram a decisão do Presidente de demitir o Governo liderado por Aristides Gomes e disseram que apenas reconhecem o executivo saído das eleições legislativas de 10 de março, que continua em funções.

O governo de Aristides Gomes já disse que não reconhece a decisão de José Mário Vaz, por ser candidato às eleições presidenciais, pelo seu mandato ter terminado em 23 de junho e por ter ficado no cargo por decisão da CEDEAO.

Aristides Gomes mantém-se como primeiro-ministro da Guiné-Bissau apesar de exoneração pelo Presidente da República

Uma missão da CEDEAO, que chegou no sábado ao país, reforçou domingo que a organização apoia o governo de Aristides Gomes e voltou a ameaçar impor sanções a quem criar obstáculos à realização das presidenciais em 24 de novembro.