A Marinha do Brasil envia esta segunda-feira dois dos seus maiores navios – do Rio de Janeiro para a região nordeste do país – para ajudar a combater os estragos causados pelo derrame de petróleo que atingiu as praias e o mar da região.

O envio das embarcações Atlântico e Bahia ocorre dois meses depois de ter sido detetado no litoral um grande derrame de petróleo, cuja causa ainda não está esclarecida, causando um desastre ambiental que já atingiu 321 localidades em 125 cidades dos nove estados da região nordeste do país, segundo dados atualizados no domingo pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Na sexta-feira, a Polícia Federal do Brasil cumpriu dois mandados de busca em escritórios no Rio de Janeiro ligados a um navio grego suspeito de causar o derrame de petróleo que atinge a costa nordeste do país.

A ação fez parte da operação Mácula, organizada para apurar a origem e autoria do derrame de petróleo.

Em comunicado, a Polícia Federal afirmou ter obtido a localização da mancha inicial de petróleo cru em águas internacionais, a aproximadamente 700 quilómetros da costa brasileira, em sentido leste, com extensão ainda não calculada.

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“A partir da localização da mancha inicial, cujo derrame se suspeita ter ocorrido entre os dias 28 e 29 de julho, foi possível identificar o único navio petroleiro que navegou pela área suspeita, por meio do uso de técnicas de geointeligência e cálculos oceanográficos regressivos”, informaram as autoridades da polícia.

A embarcação, de bandeira grega, atracou na Venezuela em 15 de julho, permaneceu por três dias, e seguiu rumo a Singapura, pelo oceano Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul. O derramamento investigado teria ocorrido nesse deslocamento”, acrescentaram no comunicado.

O navio petroleiro grego investigado chama-se Bouboulina e segundo as autoridades brasileiras carregou um milhão de barris do petróleo no Porto de José, na Venezuela.

A empresa responsável pelo navio grego negou, este sábado, qualquer responsabilidade por essa catástrofe ambiental, indicando que não havia “nenhuma prova” no tanque.

O navio, que ligava a Venezuela à Malásia, “chegou ao seu destino sem problemas durante a viagem e descarregou toda a sua carga sem perdas”, afirmou, em comunicado, a sociedade gestora, Delta Tankers Ltd, sediada no Phalère, distrito costeiro de Atenas.

De acordo com a Marinha, desde 2 de setembro, data em que o petróleo nas praias foi detetado, militares foram mobilizados para as áreas contaminadas.

As manchas de petróleo no mar e nas praias brasileiras já mataram tartarugas marinhas, pássaros, golfinhos e crustáceos.

Especialistas salientaram que o petróleo nas águas do Atlântico da costa brasileira ameaça espécies animais, algumas delas em risco de extinção como o peixe-boi, e pode contaminar a cadeia alimentar.