Por ocasião do 90.º aniversário do escritor Orlando da Costa (1929-2006), vão ser apresentadas na próxima segunda-feira, em Lisboa, novas edições dos seus romances “O Signo da Ira” (1961), e “Podem Chamar-me Eurídice” (1964), anunciaram as editoras.

A sessão, que vai contar com a presença do primeiro-ministro, António Costa, seu filho, decorre no Palácio Galveias e é promovida pela Associação Portuguesa de Escritores (APE), pela Editorial Caminho, que chancela “O Signo da Ira”, que agora é reeditado com prefácio de Gonçalo M. Tavares e posfácio de Rosa Maria Perez, e pelas Edições Avante!, pelas quais sai a nova edição de “Podem Chamar-me Eurídice”, desta feita com prefácio de Ana Margarida Carvalho.

“O Signo da Ira” foi o primeiro romance de Orlando da Costa, ao qual a Academia de Ciências de Lisboa atribuiu o Prémio Ricardo Malheiros. No prefácio da nova edição, Gonçalo M. Tavares escreve: “Há acima de tudo, claro, em Orlando da Costa e ‘O Signo da Ira’, o prazer de contar uma história: um cruzamento entre humanos com distintas angústias e caminhos, e a energia que daí resulta. A família, os casamentos, as dificuldades de entendimento de culturas diferentes e os atalhos rápidos que as paixões conseguem abrir entre dois mundos que momentos antes pareciam inconciliáveis”.

Por seu lado, “Podem Chamar-me Eurídice”, é uma história de amor, que se desenvolve no ambiente universitário lisboeta em meados da década de 1960, em que são imperiosos os ideais de solidariedade humana e de lutas generosas como orientadores de comportamento. A obra, que segundo o autor revela “um pungente reverso do mito de Orfeu”, foi por si dedicada ao escultor José Dias Coelho, dirigente do Partido Comunista Português (PCP) assassinado em finais de 1961 pela polícia política do Estado Novo, deposto a 25 de Abril de 1974.

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No prefácio da segunda edição, datada de 1974, Orlando da Costa escreveu tratar-se de “uma experiência de vida dos anos 1950, que tem subjacente como que a vocação imperiosa para o cumprimento de ideais de solidariedade humana e de lutas generosas”. O autor acrescentou que foi um livro escrito com “dor e confiança”.

Orlando da Costa, falecido aos 77 anos, em Lisboa, nasceu na ex-Lourenço Marques (atual Maputo) a 2 de julho de 1929, tendo vivido a infância e a adolescência em Goa, então Estado Português da Índia, de onde a família era originária.

Aos 18 anos completou os estudos em Lisboa, tendo-se licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Militante da ala juvenil do Movimento de Unidade Democrática (MUD), foi preso pela PIDE, a polícia política do Estado Novo. Tornou-se militante do PCP em 1954.

Orlando da Costa trabalhou na área de publicidade como redator de textos e de guiões para filmes publicitários, depois de a ditadura o ter impedido de lecionar.

Publicou o primeiro livro em 1951, uma coletânea de poemas com o título “A Estrada e a Voz”. Da sua bibliografia constam títulos de poesia, ficção e teatro, como “A como estão os cravos hoje?” (1984) ou “Último Olhar de Manú Miranda” (2000). O seu espólio encontra-se à guarda do Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, a cerca de 30 quilómetros de Lisboa,

O escritor foi agraciado com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República Jorge Sampaio, poucas semanas antes de morrer.