Portugal não está a conseguir avaliar a quantidade e a qualidade dos caudais porque existem estações de monitorização que não estão a funcionar, nomeadamente na bacia do Tejo, onde existem ao todo 29, avança a edição desta terça-feira do Jornal de Notícias, que falou com vários especialistas.

Susana Neto, presidente da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos (APRH), garantiu ao jornal que “o sistema de monitorização não é fiável e não permite monitorizar os caudais do lado de cá. Segundo a responsável, “muitas estações hidrométricas que medem os caudais não estão a funcionar na bacia do Tejo. Na qualidade é ainda pior, porque são estações mais sofisticadas, que também não funcionam ou não medem tudo o que deviam medir”.

Um dos problemas diz respeito com os baixos níveis dos caudais que, como explica o Jornal de Notícias, levam a que os sistemas estejam em stress hídrico. “Se os caudais estão praticamente a zero, há uma degradação da qualidade da água, o que é preocupante, porque os níveis de qualidade não podem piorar”, afirmou Rui Cortes, investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. A seca só piora a situação.

Autarcas de Portugal e de Espanha preocupados com redução drástica do caudal do Tejo

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Avaliação da APA de 2017 ainda está por validar

A última avaliação do estado das massas de água, feita em 2017 a pedido da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), nunca foi tornada pública porque ainda não foi validada. Contactada pelo Jornal de Notícias, a APA explicou que só depois disso é que poderá ser “incorporada na revisão da caracterização das regiões hidrográficas, nos termos previstos do artigo 5.º da Diretiva-Quadro da Água”.

Entretanto, já está em curso um novo levantamento. Segundo o mesmo jornal, cientistas de quatro universidades portuguesas, integrados num consórcio, já estão no local a recolher e a tratar os dados.

Rui Cortes acredita que pouco terá mudado nos últimos dois anos. “Parece que se mantém a degradação”, afirmou. Esta é também a opinião de Teresa Ferreira, professora catedrática do Instituto Superior de Agronomia, que apontou ao Jornal de Notícias que “não se verificou a melhoria esperada. A percentagem de massas de água que melhorou de qualidade é mínima”. Esta realidade não é, contudo, exclusiva de Portugal, sendo transversal a todos os países europeus. Na Europa, “a melhoria foi na ordem dos 1,5%”, disse a mesma especialista.