A Rádio Observador andou à caça de empreendedores portugueses que estiveram na Web Summit e pediu-lhes para — numa conversa de cinco minutos — explicarem o que foram fazer ao maior evento de tecnologia e empreendedorismo da Europa. A conversa passou na rubrica “Geek do dia”, parte da edição especial do programa App da Vizinha na Web Summit, ao longo dos quatro dias que durou o evento. Houve pitches com cartões de crédito, soluções para tornar qualquer casa inteligente, futebol de dados digitais e até currículos em stories de Instagram.
Depois de quatro dias a caçar geeks na Web Summit, ficámos com estes quatro (mais um).
Hire Me: A app que quer ser o “YouTube dos talentos”
Geek/empreendedor: Madalena Ferreira e João Henriques
Pitch: Uma app para que alguém à procura de emprego possa num curto vídeo apresentar-se a possíveis empregadores.
O primeiro Geek do dia foram dois empreendedores: “Temos uma espécie de YouTube do talento”, conta João Henriques, de 22 anos (o “ideias”, como diz a Madalena). A Madalena Ferreira, com 27 anos (a “cérebro”, como diz o João), continua a explicar: “As pessoas têm um pitch de até um minuto no qual se podem explicar como é que são e enfatizar as suas melhores qualidades”. “É tão fácil como mandar uma história para o Instagram”, refere.
[Pode também ouvir a conversa com Madalena Ferreira e João Henriques no final do Podcast a App da Vizinha]
O objetivo da app, que já está disponível da iOS e Android, é quem procura emprego poder criar uma “apresentação genuína da pessoa”. Com o apoio de 80 mil euros de recursos da SDO Consulting, empresa onde trabalham e que financia o projeto pela Digital Factory, foram à Web Summit por ser “uma oportunidade para cativar investidores internacionais”.
Twoosk: como um estrangeirimo pode ser um tema cativante
Geek/empreendedor: Rui Barbosa Guedes
Pitch: Vender material de excesso de inventário para redes de telecomunicações. Promete fazer numa semana o que é feito em vinte.
“Overstock“, “obsolete stocks“, “marketplace” ou “guerrilla marketing“. Rui Barbosa Guedes apresenta-se com cartão de visita que parece um cartão de crédito (literalmente) e, num estilo muito à Web Summit, tem o discurso carregado de estrangeirismos anglo-saxónicos.
Para construir uma rede de fibra precisamos de 12 a 20 semanas para ter material. Na Twoosk, consegue o material entregue em sua casa numa semana.”
Rui era “gestor de planeamento numa grande operadora” e, um dia, “a startup nasceu como muitas outras startups: de uma necessidade e de um grito de epifania”, contou. Diz que em já 300 mil euros de faturação e autoavalia a sua startup em 10 milhões de euros. “Pouquinho”, brinca.
[Pode também ouvir a conversa com Rui Barbosa Guedes no final do Podcast a App da Vizinha]
Vai à Web Summit desde 2017, ano em que aproveitou o evento para contratar duas pessoas. Voltou em 2018, e, em 2019, foi fazer “o ditado português”: “Não há duas sem três”. Além disso, aproveitou o evento para “procurar talento” porque quer mais programadores.
Dona Smarthome: uma casa inteligente em português
Geek/empreendedor: Lourenço Gomes
Pitch: Tornar qualquer casa numa casa inteligente.
Lourenço Gomes é o diretor de tecnologia da Dona Smarthome — e não lhe chamem “CTO” (Chief Technical Officer). “Estamos sempre a trazer estrangeirismo para as nossas empresas mas depois o que queremos saber é o que cada um faz”, diz o também responsável técnico da empresa. Objetivo da startup? “Tornar as casas inteligentes”.
[Pode também ouvir a conversa com Lourenço Gomes no final do Podcast a App da Vizinha]
Na prática, a Dona Smarthome consegue mudar qualquer casa para ser uma casa inteligente, ou “smart“. “Fazemos a integração total da casa e queremos que cada utilizador seja também um geek e possa ele próprio a fazer a programação da sua casa”, explica o diretor de tecnologia. Depois, uma pessoa pode — literalmente — “falar com a casa”.
A startup está sediada em Braga, uma cidade onde ” há muitas coisas a proporcionarem-se”. E, na casa de Lourenço, já é possível ligar aparelhos só com a voz. “Chego a casa e digo: liga-me a luz a da sala e a televisão e e estou a ver a televisão”, conta. Tudo, com esta tecnologia portuguesa.
Foot AR: um estádio de futebol na sua sala de estar
Geek/empreendedor: David Olim
Pitch: O FootAR é uma aplicação que complementa a experiência televisiva de um jogo de futebol com uma experiência interativa.
O empreendedorismo também tem sotaque do Funchal e David Olim é prova disso. O jovem empreendedor foi à Web Summit com os dois cofundadores apresentar a FootAR, uma startup fundada há três meses.
“Dispomos a interface de uma maneira gira e criamos um estádio personalizado para cada pessoa na sua sala em realidade aumentada”, explica Olim. A startup esteve pela primeira vez na Web Summit para mostrar a sua ideia com “investimento próprio” e o apoio do Governo regional e da Startup Madeira.
[Pode também ouvir a conversa com David Olim no final do Podcast a App da Vizinha]
Quanto a um conterrâneo, Cristiano Ronaldo, David Olim diz sem papas na língua que “mais do que o convencer a ser investidor” o que quer “é torná-lo num utilizador”. Temos a particularidade de não estarmos à procura de investimento monetário. Estamos aqui numa ótica de parceria. Somos uma empresa de software. Estamos à procura de alguém que nos abra caminho, não que nos ponha dinheiro”, explica.
Geek extra: iLof, para que o Alzheimer tenha uma cura mais rapidamente
Geek/empreendedor: Luís Valente
Pitch: Usar dados e inteligência Artificial para acelerar a cura do Alzheimer
A iLof foi uma das boas histórias desta Web Summit. A startup promissora criada por Mehak Mumtaz, Joana Paiva, Paula Sampaio e Luís Valente quer acelerar a descoberta de uma cura para o Alzheimer recorrendo à inteligência artificial. “Não houve nenhum tratamento aprovado para o Alzheimer. Estamos a tentar utilizar a inteligência artificial e fotónica para permitir um novo tratamento e possivelmente uma cura”, conta o presidente executivo Luís Valente.
Startup nascida no Porto recebe 2 milhões de euros para combater a doença do Alzheimer
Pode parecer um pitch demasiado bom, mas Luís Valente e a equipa que lidera fechou nestes dias uma ronda de 2 milhões de euros para avançar com o projeto.
Neste momento as expectativas é que o tratamento para o Azheimer chegue nos próximos 3/4 anos. O nosso objetivo é acelerar esse prazo através de ferramentas que permitam ao estudos de Alzheimer serem menos evasivos para o paciente e muito mais rápidos. Reduzimos 70% do tempo gasto a recrutar pacientes para estudos clínicos”, diz.
Ao todo, a equipa já tem sete pessoas a tempo inteiro à qual se juntam mais três pessoas. Luís Valente refere ainda que a empresa tem uma valorização de 10 milhões de euros, depois destes dias na Web Summit. Mesmo com laboratórios em Oxford, no Reino Unido, o empreendedor deixa a promessa: “A empresa será sempre portuguesa”.