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Pizzi mostrou que também sabe pensar pela sua cabeça. Mais uma vez (a crónica do Santa Clara-Benfica)

Este artigo tem mais de 4 anos

Depois de ter começado de novo no banco na Champions, Pizzi voltou ao onze. Fez uma assistência, marcou o golo da reviravolta. Benfica ganhou ao Santa Clara (2-1) porque teve o seu pensador em campo.

Pizzi marcou e assistiu pelo quinto jogo na presente temporada, na noite em que reforçou o estatuto de melhor marcador do Campeonato
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Pizzi marcou e assistiu pelo quinto jogo na presente temporada, na noite em que reforçou o estatuto de melhor marcador do Campeonato

EDUARDO COSTA/LUSA

Pizzi marcou e assistiu pelo quinto jogo na presente temporada, na noite em que reforçou o estatuto de melhor marcador do Campeonato

EDUARDO COSTA/LUSA

Tem o nome de Benfica Play, já se percebeu que tão cedo não perde a alcunha do “Netflix do Benfica”. Figura já habitual na Web Summit, Domingos Soares Oliveira, administrador da SAD dos encarnados, anunciou na quarta-feira, dia seguinte a mais uma derrota europeia em Lyon, que o clube já tem preparado o novo projeto inovador que será em breve lançado e que, em resumo, permitirá que todos os subscritores possam aceder a variados conteúdos de bastidores, de balneários e dos treinos. Objetivo? Aumentar cada vez mais o engagement com os adeptos, num ângulo diferente da Benfica TV. Data de lançamento? Ainda desconhecida, aguardando apresentação formal. Mas se já existisse, uma coisa é certa: Bruno Lage e Santa Clara surgiriam várias vezes lado a lado.

Benfica consegue reviravolta nos Açores com golos de Vinicius e Pizzi e reforça liderança da Liga

Primeiro ponto de contacto? Foi nos Açores que o técnico fez o encontro inicial pelos encarnados como visitante, ganhando por 2-0 com golos de Jardel e Seferovic num jogo onde Pizzi foi o melhor – e num registo que às vezes passa ao lado mas que tem o seu peso, chegava de novo a Ponta Delgada com 13 triunfos consecutivos fora para o Campeonato, incluindo adversários como FC Porto, Sporting, Sp. Braga, V. Guimarães ou Rio Ave, entre outros. Segundo ponto de contacto? Foi com o Santa Clara que o técnico festejou o título da última época, na derradeira ronda, com uma goleada por 4-1 com golos de Seferovic (dois), João Félix e Rafa num jogo onde Pizzi foi um dos melhores – e num registo também positivo de 14 vitórias em 16 jogos na Luz para a Liga.

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Juntando ambos os saldos, Bruno Lage ganhou 27 dos 29 jogos feitos no Campeonato. É complicado encontrar uma percentagem de eficácia tão grande já com quase 30 compromissos realizados. Todavia, pelos sucessivos desaires na Europa quando o clube quer cada vez mais assumir essa dimensão internacional, as opções do treinador foram colocadas em causa após o jogo em França. E a resposta, essa, vincou um “tomar de posição”.

“Tenho 43 anos, tirei o curso há 23. Nessa altura, os 15 ou 20 colegas que estudaram comigo foram dar aulas e eu não, fui para o futebol. Todos me dizem que ia ganhar 100 ou 200 euros, que eles iriam ganhar como professores 1.300 ou 1.400 euros. Pensei pela minha cabeça e fui atrás de um sonho. Passados uns anos cheguei ao Benfica, aos 30 estava a treinar os juniores, depois os iniciados e os juvenis. A determinada altura pensei que precisava de outro desafio e aqui todos me diziam que ninguém deixa o Benfica. Fui à minha vida. Primeiro Dubai, depois Premier League. Depois surgiu o convite da equipa B. Todos diziam, vais deixa Inglaterra para ver para a Segunda Liga? Pensei pela minha cabeça. Tomei as minhas decisões. São 20 anos a pensar pela minha cabeça”, disse.

Ficha de jogo

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Santa Clara-Benfica, 1-2

11.ª jornada da Primeira Liga

Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

Santa Clara: Marco; Rafael Ramos, César, João Afonso, Zaidu; Osama Rashid, Francisco Ramos (Schettine, 79′), Nené; Zé Manuel (Lincoln, 62′), Carlos Júnior (Ukra, 70′) e Thiago Santana

Suplentes não utilizados: André Ferreira, Fábio Cardoso, Patrick e Lucas Marques

Treinador: João Henriques

Benfica: Vlachodimos; André Almeida, Rúben Dias, Jardel, Grimaldo; Florentino Luís (Carlos Vinicius, 46′), Gabriel; Pizzi, Cervi (Taarabt, 68′); Chiquinho e Seferovic (Gedson Fernandes, 90+3′)

Suplentes não utilizados: Zlobin, Ferro, Tomás Tavares e Raúl de Tomás

Treinador: Bruno Lage

Golos: Carlos Júnior (17′), Carlos Vinicius (55′) e Pizzi (78′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Carlos Júnior (45+4′), Jardel (46′), Zé Manuel (57′), Rafael Ramos (69′), Gabriel (72′) e Taarabt (86′)

Se na Liga dos Campeões Bruno Lage acredita que as alterações que vai fazendo podem surtir efeito (algo que não tem acontecido), no Campeonato existe um pouco a linha do “jogam os melhores”. Não como chavão mas como uma evidência. E foi por isso que, à exceção da troca de Ferro por Jardel no eixo recuado depois da fratura do nariz sofrida pelo português em Lyon, regressaram às opções iniciais André Almeida, Pizzi e Seferovic. Pizzi, quem mais, voltou a ser decisivo. E mostrou que, com a identidade de jogo deste Benfica, basta pensar pela sua cabeça para resolver um encontro frente ao Santa Clara que estava muito complicado de contornar (2-1).

O início trouxe grande equilíbrio e uma primeira oportunidade logo a abrir para o Santa Clara, com Rashid a bater bem um livre direto para grande defesa de Vlachodimos (4′). Estava deixada a ameaça inicial na frente para um encontro que traria sobretudo problemas ao Benfica atrás: com a colocação de Francisco Ramos, Osama Rashid e Nené no corredor central, deixando as duas alas para Zé Manuel e Carlos Júnior apoiarem Thiago Santana, João Henriques abdicou da figura do típico ‘6’ recuperador de bolas e montou uma equipa com setores muito juntos sem bola mas com capacidade de sair em jogar nas transições ofensivas. Com isso, começou melhor.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Santa Clara-Benfica em vídeo]

O Benfica tinha uma virtude e dois pecados que se cruzavam. Por um lado, e no primeiro quarto de hora, os 87% de posse mostravam a capacidade que a equipa tinha de girar bola e recuperar rápido. No entanto, esse número quase de recorde pouco ou nada valia perante a sucessão de passes falhados sobretudo por Gabriel (que tinha a ideia boa de virar o centro de jogo mas nunca com a qualidade necessária) e a falta de mobilidade na frente, com pouca exploração da profundidade e procura de espaços. Para se ter uma ideia da incapacidade no último terço, basta dizer que o único remate nessa fase foi de André Almeida… antes do meio-campo. Perante este marasmo, o Santa Clara arriscou e foi eficaz: Rafael Ramos teve uma boa incursão pela direita do ataque dos açorianos, cruzamento largo ao segundo poste e cabeceamento de Carlos Júnior a ganhar a André Almeida (17′).

O Benfica estava em desvantagem no marcador mas, até ao intervalo, nem por isso melhorou muito o seu jogo. Houve uma ligeira retoma quando a mobilidade de Seferovic na frente foi mais explorada mas os erros nos passes de Gabriel (que teve um pisão sobre Carlos Júnior que passou ao lado de Artur Soares Dias mas podia ter elevado a tarde/noite ao lado do jogo) quase que pareciam contagiar uma equipa sem rasgo, sem inspiração e sem soluções para todos os problemas que a organização defensivas dos açorianos conseguia criar. Cervi, numa disputa com Rashid na área, ainda ficou a pedir grande penalidade num lance que levantou muitas dúvidas (mas mesmo muitas, as suficientes para haver uma paragem para verificação do VAR que nem chegou a haver) mas foi preciso esperar até aos descontos para surgir um remate enquadrado e sem perigo, num cabeceamento de Rúben Dias. Antes, Thiago Santana teve uma boa oportunidade na área contrária mas falhou o desvio final.

Quando Artur Soares Dias apitou pela última vez na primeira parte, Carlos Vinicius já estava em aquecimento (e assim ficou durante o intervalo). Gabriel, esse, agarrou na bola e deu um pontapé para o ar – que desta vez não foi um passe falhado porque serviu apenas para manifestar a frustração de 45 minutos falhados. No entanto, Bruno Lage preferiu tirar Florentino Luís de campo para lançar o avançado, acreditando que o brasileiro teria condições para segurar o meio-campo sozinho com Chiquinho à frente. E acabou por ganhar essa aposta… com o tempo e sem ser pelo jogo do número 8, que ganhou muitos duelos mas teve o maior número de passes falhados.

Nos cinco minutos iniciais da segunda parte, o filme voltou a repetir-se e por pouco não teve consequências: na sequência de passes errados do Benfica ainda no seu meio-campo, Zé Manuel aproveitou um centro da esquerda ao segundo poste para atirar às malhas laterais (49′) antes de Rashid, num lance onde Rúben Dias esteve mal no início e Jardel foi ainda pior no final, obrigar Vlachodimos a mais uma defesa com nota artística (50′). Depois, começou a haver mais Pizzi. O jogo estabilizou. E os encarnados aproveitaram a melhoria para chegarem ao empate: Rúben Dias, após um canto que terminou com uma fantástica intervenção de Marco a uma só mão, fez a ameaça para o golo que surgiria por Vinicius, na sequência de mais uma assistência de Pizzi após jogada na direita (55′).

Os jogadores do Santa Clara ficaram a protestar muito uma falta de Chiquinho sobre Nené no início da jogada, Artur Soares Dias ouviu o VAR, validou o jogo e mandou seguir. Mas esse seria mais do que um mero momento de desconcentração nos elementos açorianos: a partir daí, os visitados não mais conseguiram voltar a sair na frente com a mesma qualidade, perderam em algumas fases os bons posicionamentos defensivos e nunca conseguiram travar os movimentos de interiores de Pizzi à direita e depois à esquerda, onde estaria quando apontou o golo da reviravolta: César teve uma perda de bola comprometedora, Seferovic fez a assistência e o internacional português não perdoou na área em frente a Marco, fazendo o 2-1 a 12 minutos do final.

Ao todo, Bruno Lage, o treinador que pensa pela sua cabeça há 20 anos e que defende que “se em cada derrota se mudar de rumo, é sinal de que não há estratégia”, ganhou o 28.º jogo no Campeonato em 30 disputados como técnico principal do Benfica. E ganhou porque teve mérito de acertar nas mexidas que foi fazendo ao longo do jogo na equipa. Mas também Pizzi mostrou que pensa pela sua cabeça neste Benfica, sendo o cérebro de um conjunto com uma identidade feita à sua medida. E não é por acaso que, em 11 jornadas, o médio é o jogador mais influente da competição, com oito golos e quatro assistências que ajudam a reforçar a liderança encarnada.

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