Esteve longe, muito longe, de ter feito uma ótima exibição. Esteve até longe, a dada altura, de fazer uma boa exibição. Sofreu muitas faltas, entregou-se de corpo e alma ao jogo, mostrou que nunca lhe poderão apontar falta de dedicação e saiu do relvado sob um chuva de aplausos que se vai tornando habitual. Fábio Silva não teve uma estreia de sonho a titular na Primeira Liga mas saiu do Bessa com aquilo que é o que interessa sempre mais: uma vitória. E pulverizou mais um recorde, já que se tornou, com os sempre quase escandalosos 17 anos e três meses que tem, o jogador mais novo a ser titular pelo FC Porto na Liga.

Alex Telles, a paz e o sossego depois do barulho das luzes (a crónica do Boavista-FC Porto)

Além de Fábio, também Diogo Costa e Loum se estrearam em onzes iniciais para o Campeonato, para renderem respetivamente Marchesín e Uribe, ambos suspensos por questões disciplinares. Mesmo sem dois jogadores normalmente titulares e ainda sem um terceiro que é opção regular na frente de ataque, Luis Díaz, o FC Porto conseguiu vencer o Boavista no Bessa no dérbi da Invicta e não permitiu que o Benfica alargasse a vantagem na liderança para os cinco pontos. Com esta vitória, os dragões somam duas vitórias consecutivas na Liga — em 11 jornadas, perde com o Gil Vicente e empatou com o Marítimo e ganhou todos os outros jogos — e regressam aos resultados positivos depois da derrota europeia com o Rangers na Escócia. Uribe, um dos quatro jogadores que saíram da convocatória, recorreu ao Instagram para demonstrar apoio aos colegas de equipa instantes antes do apito inicial (já depois de ter pedido desculpa e ter negado o horário tardio divulgado na comunicação social). “Sempre a apoiar. Juntos venceremos. Força”, escreveu o colombiano.

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Já Alex Telles, que marcou o golo da vitória e que foi um dos melhores em campo, explicou na flash interview o porquê de ter chamado todos os colegas de equipa durante os festejos. “Quis que se visse a nossa união. Parece que querem separar e desunir o grupo mas só nós sabemos o quão unidos somos e o que trabalhamos. Demos a resposta depois de uma semana difícil”, revelou o lateral brasileiro, que comentou ainda o facto de não ter sido opção inicial de Sérgio Conceição durante alguns encontros. “Também sou humano como todos e às vezes sinto um certo cansaço. Tenho conversado com o treinador, que me ajuda imenso. Tenho um grande respeito por ele. Não sou diferente dos outros e posso ficar no banco. O Manafá jogou no meu lugar e esteve muito bem. Estou aqui para ajudar e dar o meu melhor pela equipa”, explicou Telles.

Já Sérgio Conceição, que garantiu que este “não é o momento certo para falar” sobre o afastamento dos quatro jogadores da convocatória, louvou a resposta dos que foram chamados ao onze. “Tenho um plantel que me dá garantias, conto muito com toda a gente, independentemente de ter 17 ou 35 anos, o que conta é a competência. Dependendo do profissionalismo e também do jogo em questão, entra o onze que me dá mais garantias, que foi o caso. Sabemos o grupo que temos, não é o jogo que vai dar mais confiança ou mudar as ideias relativamente a um jogador. O Loum deu uma excelente resposta, o Fábio Silva, um menino com 17 anos, bateu-se como um homem. Estou completamente tranquilo naquilo que são as minhas escolhas”, garantiu o treinador.

Sobre o jogo, o técnico dos dragões explicou que “os jogadores trabalharam muito para conseguir um resultado positivo”. “Um jogo que é sempre difícil, com uma equipa que joga sempre de forma direta, com jogadores muito combativos e uma equipa muito competitiva. Tivemos oportunidades para fazer o segundo golo e matar o jogo mais cedo. Conseguimos anular esse jogo mais direto e a conquista da primeira bola [por parte do Boavista]. Estávamos preparados para isso, são dois pontos fortes deles que controlámos e vencemos de forma justíssima”, concluiu Sérgio Conceição.