A Assembleia Municipal de Lisboa (AML) aprovou esta terça-feira o novo Regulamento Municipal do Direito à Habitação, tendo fonte oficial da autarquia dito à Lusa que o documento deverá ser publicado em Diário da República na próxima semana.

O novo regulamento contou com a abstenção do PEV, PCP, PSD, MPT e de dois deputados independentes, tendo as restantes forças políticas (PS, BE, CDS-PP, PAN e PPM) e eleitos independentes (seis) votado a favor.

Os eleitos aprovaram também, por maioria, uma recomendação da Comissão Permanente de Habitação da AML para que seja elaborado “anualmente o relatório municipal de habitação, a submeter à apreciação da Assembleia Municipal, com o balanço da execução da política local de habitação e a sua eventual revisão”.

O novo regulamento foi aprovado, em reunião de câmara, em 30 de outubro, com os votos favoráveis de PS, BE e CDS-PP e a abstenção de PSD e PCP, tendo o presidente da câmara, Fernando Medina (PS), afirmado na altura, em conferência de imprensa, que este “é um documento muito importante, um regulamento que vai tornar tudo muito mais simples”.

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“Vão deixar de haver vários programas, várias iniciativas que são dispersas, que muitas vezes as pessoas têm dificuldade em aceder e procurar. Vão hoje encontrar um único regulamento, que estipula um programa de renda apoiada, um programa de renda acessível dirigido aos jovens e às classes médias, e o subsídio municipal de arrendamento para quem precisa arrendar casas no mercado privado e fazer face aos preços muito elevados”, afirmou então Fernando Medina.

“Vai ser uma grande mudança na vida das pessoas, com mais simplicidade, com mais acesso, mas é evidente que este regulamento só ganhará nova vida com novas casas a serem atribuídas”, defendeu, acrescentando que, tal como já tinha sido anunciado em julho, este mês estarão disponíveis as primeiras 120 casas de renda acessível, às quais poderão concorrer “os jovens e as classes médias”.

As pessoas que se inscrevam no site que será disponibilizado ainda este mês, continuou o autarca, vão poder acompanhar o aparecimento de novas casas que a Câmara de Lisboa aí irá colocar e que estarão em permanência disponíveis.

Na sessão de hoje, a vereadora da Habitação, Paula Marques (Cidadãos por Lisboa), eleita pelo PS, reforçou que, neste regulamento, passa a ser objeto de maior ponderação a estrutura familiar e “o cumulativo de vulnerabilidade” face ao documento ainda em vigor e no qual o rendimento das famílias tem uma “preponderância muito grande”.

Intervindo na discussão, a deputada do BE Isabel Pires considerou que o novo regulamento da habitação contempla avanços importantes, ressalvando que “é importante aumentar o número de casas do parque habitacional de Lisboa”, algo que “não é resolvido apenas com um regulamento”.

Pelo PAN, Miguel Santos, lamentou que o regulamento preveja “uma discriminação positiva para determinados exemplos” na atribuição de habitações, excluindo as “pessoas idosas”, tendo o eleito do PEV Sobreda Antunes acrescentado que importa entender como irá o município “potenciar a reabilitação de fogos municipais no curto e médio prazo”.

Já o líder da bancada do CDS-PP, Diogo Moura, referiu que esta proposta é uma “mais valia para Lisboa”, já que junta “vários articulados e regulamentos das várias vertentes de habitação municipal”, enquanto o independente Rui Costa, que também saudou o regulamento, considerou que devia “haver maior abertura aos meios tradicionais”.

Por seu turno, o deputado do PSD Luís Newton acusou o executivo socialista de ignorar as propostas do seu partido, vincando que o documento devia “ir ao encontro das famílias que trabalham e vivem em dificuldades”.

Pelo MPT, José Inácio Faria considerou o regulamento “insuficiente”, enquanto Natacha Amaro, do PCP, afirmou que, apesar das “limitações” do “regime de subsídio de arrendamento”, o regulamento da habitação “garante, na sua generalidade, o acesso das famílias à habitação com preços acessíveis”.

Segundo o novo regulamento, que estabelece as regras do Programa de Renda Acessível (PRA), os preços das habitações “estão definidos de forma a que cada pessoa e que cada família gaste no máximo 30% do seu salário líquido na renda”, avançou o presidente da câmara, no início de julho, acrescentando que a taxa de esforço é reduzida em “dois pontos percentuais por cada filho” dependente.

De acordo com a câmara, o valor de um T0 varia entre 150 e 400 euros, o preço de um T1 situa-se entre 150 e 500 euros e um T2 terá um preço que pode ir dos 150 aos 600 euros, enquanto as tipologias superiores contarão com uma renda mínima de 200 euros e máxima de 800.