O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apontou esta quarta-feira a melhoria da educação, o combate às desigualdades e à pobreza e o crescimento duradouro da economia como problemas e desafios de Portugal.

Num encontro com estudantes universitários, no Palácio D’Accursio, sede do município de Bolonha, no final da sua visita de Estado a Itália, Marcelo Rebelo de Sousa fez um retrato da situação atual de Portugal, indicando “pontos positivos” e “pontos negativos”.

“Temos alguns problemas. Em matéria de educação, apesar do avanço em democracia, ainda temos desigualdades muito grandes. Temos centros de excelência muito bons, mas precisamos de melhorar a educação. Temos centros de excelência na ciência, mas precisamos de alargar os centros de excelência. Depois, temos pequenos problemas de disciplina e de sistematização”, disse.

O chefe de Estado reforçou a ideia de que Portugal tem “problemas de educação” e “problemas de coesão social”, territoriais e entre gerações, considerando que “há ainda desigualdades que puxam todos para baixo, que são um limite ao progresso do país”.

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“É um facto, isto. Melhorou imenso em democracia, na saúde, na mortalidade, na saúde infantil, no acesso à educação, na segurança social, na solidariedade social, é impressionante. Mas não chega”, acrescentou.

Mais à frente, apontou o crescimento económico como outro dos desafios que Portugal enfrenta: “Um desafio concreto é o de assegurar que temos capacidade de fazer crescer a nossa economia de forma duradoura. Não é fácil, uma economia aberta, muito aberta, em que muitos centros de decisão não são portugueses ou não são só portugueses”.

“Depois, repartir melhor a riqueza nacional, corrigir melhor as desigualdades. Combater o que existe de pobreza, que melhorou, nos últimos anos, mas melhorou numa percentagem ainda pequena. Estamos a falar de cerca de dois milhões de pessoas em risco de pobreza ou em pobreza, para um milhão e quinhentos ou um milhão e 600 mil”, prosseguiu, observando: “É muito, em 10 milhões”.

“Ainda é muito, temos de melhorar”, insistiu Marcelo Rebelo de Sousa, embora ressalvando que a pobreza atual em Portugal “claro que não tem comparação com a pobreza de há 10 anos, 20 anos, 30 anos, 40, 50 anos”.

O Presidente da República defendeu que Portugal precisa, ao mesmo tempo, de ir “mais longe” em matéria científica e tecnológica, e reiterou, uma vez mais, a preocupação com a educação, apontando a intervenção na União Europeia como outra prioridade.

“Temos de saber melhorar a nossa educação. Manter uma posição forte na Europa — e a presidência portuguesa da União Europeia no primeiro semestre de 2021 é uma oportunidade. E ligar a Europa a África, porque uma parte da Europa não compreende África, aliás, não compreende o resto do mundo e tem de compreender mais”, sustentou.

O chefe de Estado admitiu que “são muitas exigências simultâneas”, mas manifestou-se convicto de que Portugal tem “condições para o fazer”, e também mencionou como outro desafio “valorizar ainda mais” as comunidades portuguesas no estrangeiro. “São desafios que têm de ser enfrentados”, afirmou, antes de responder a perguntas dos alunos da Universidade de Bolonha, com quem esteve mais de uma hora e meia à conversa.