O primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, considerou esta quinta-feira sem fundamento as críticas de vários líderes políticos do país quanto ao reforço do contingente militar da África Ocidental, explicando que visa apenas ajudar a assegurar as eleições presidenciais.

Aristides Gomes reuniu-se quinta-feira com os chefes das Forças Armadas do Senegal, Togo, Níger e Nigéria, que se encontram de visita à Guiné-Bissau, mas que no final não prestaram declarações aos jornalistas.

O primeiro-ministro guineense aproveitou as suas declarações à imprensa para refutar as críticas que lhe são dirigidas por líderes políticos, entre partidos e candidatos à presidência da República, em como seria o autor do apelo para o reforço das tropas da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) na Guiné-Bissau (Ecomib).

O antigo primeiro-ministro e candidato à presidência do país Umaro Sissoco Embaló e o Partido da Renovação Social (PRS) avisaram que qualquer reforço de soldados da CEDEAO será interpretado como invasão ao território guineense. O PRS diz que a iniciativa será considerada “declaração de guerra e que terá uma resposta adequada” por parte de militares da Guiné-Bissau.

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“Não deve haver um mito à volta do reforço de soldados da Ecomib. Nós temos eleições”, declarou Aristides Gomes, realçando que aquela força apenas irá reforçar o seu contingente para apoiar a segurança às presidenciais do próximo dia 24.

Gomes refutou as críticas segundo as quais o reforço de soldados da Ecomib (o PRS fala em cerca de 1.800 militares) teria como finalidade “subjugar as forças armadas” guineenses.

Na sequência do último golpe de Estado na Guiné-Bissau, em 2012, a CEDEAO instalou no país a Ecomib, composta por cerca de 600 militares.

“Lamentavelmente, os nossos irmãos que hoje estão na oposição, quando estavam no Governo não puseram essa questão”, disse Aristides Gomes, frisando que cabe ao executivo velar pela segurança do país, sobretudo no momento das eleições.

O primeiro-ministro defendeu que o seu Governo “não se pode dar ao luxo” de prescindir da “colaboração institucional e legal dos irmãos da CEDEAO e vizinhos” que querem ajudar a Guiné-Bissau a ultrapassar o ciclo de violência, disse.

Aristides Gomes sublinhou que a Ecomib está na Guiné-Bissau como força dissuasora e não de invasão. “Temos o recorde de Presidentes que não chegaram ao fim dos seus mandatos, salvo o atual, mas que ainda está, por uma questão representativa, em funções”, disse.

A Guiné-Bissau realiza eleições presidenciais em 24 de novembro num momento de tensão política, depois de o Presidente ter demitido o Governo de Aristides Gomes, saído das legislativas de 10 de março, e nomeado um outro liderado por Faustino Imbali.

Grande parte da comunidade internacional opôs-se a estas decisões e a CEDEAO exigiu a demissão de Imbali, sob pena de impor “pesadas sanções” aos responsáveis pela instabilidade política.

Imbali acabou por se demitir na sexta-feira, pouco antes de serem conhecidas as decisões dos chefes de Estado da CEDEAO, que decidiram reforçar a presença da força de interposição Ecomib no país e advertir o Presidente guineense, José Mário Vaz, de que qualquer tentativa de usar as forças armadas para impor um ato ilegal será “considerada um golpe de Estado”.

No sábado, chegam a Bissau seis chefes de Estado da CEDEAO para dar a conhecer as decisões da cimeira ao Presidente José Mário Vaz e avaliar a situação no país.