1997, há 22 anos, contra a Arménia. Um jogo em agosto, 11 dias antes da morte da princesa Diana em Paris, no Bonfim e a contar para a qualificação para o Mundial 1998 onde Portugal acabou por não conseguir estar. A seleção portuguesa venceu os arménios por 3-1, com golos de Luís Figo e Pedro Barbosa mas também de Domingos Paciência, então a jogar no Tenerife. O que o avançado, na altura com 29 anos, não sabia, era que esse mesmo golo contra a Arménia seria o último que marcaria ao serviço da Seleção Nacional. O último de nove no total, sete anos depois do primeiro.

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Passaram 22 anos. Domingos acabou a carreira em 2001, depois de regressar ao FC Porto, e arrancou um percurso enquanto treinador que se estendeu, entre outros, pelo Sp. Braga, o Sporting, o Deportivo, o APOEL e o Belenenses. E o filho Gonçalo, que tinha nascido apenas três anos antes daquele derradeiro golo à Arménia, decidiu ser jogador de futebol como o pai. Esta quinta-feira, a cumprir apenas a segunda internacionalização, Gonçalo voltou a inscrever o apelido Paciência numa ficha de jogo da Seleção Nacional e marcou o primeiro golo da carreira por Portugal — 22 anos depois do último do pai Domingos.

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O avançado do Eintracht Frankfurt, que teve inúmeras oportunidades para marcar durante a primeira parte do encontro com a Lituânia mas acabou por adiar o golo para a segunda, aproveitou um erro do guarda-redes adversário para apontar aquele que foi então o quarto de seis golos portugueses. Gonçalo Paciência, que tem estado em destaque esta temporada na Bundesliga, foi chamado por Fernando Santos para cumprir uma função de ‘9’ que o selecionador disse há dois meses que Portugal não tinha e estreou-se a marcar no dia em que também se estreou a titular e dois anos depois da primeira internacionalização.

Já Cristiano Ronaldo, que acrescentou mais três golos à conta pessoal ao serviço da Seleção e continua atrás do recorde do iraniano Ali Daei (já tem 98, está a 11), chegou aos 13 golos por Portugal em 2019, assinou um hat-trick pela nona vez e ultrapassou os 30 golos de forma global no presente ano civil, marca que atinge há 13 anos consecutivos. Com esta goleada, e mesmo sem o apuramento assegurado, a seleção portuguesa assumiu o estatuto de melhor ataque do Grupo B, com 20 golos marcados e uma diferença de golos de +14.

No final da partida, Fernando Santos lembrou que nunca teve dúvidas sobre as limitações físicas — ou a ausência de — de Cristiano Ronaldo. “Ele está bem, está em condições. Eu não tinha dúvidas nenhumas. Disse isso na conferência de imprensa. As pessoas é que tinham, eu não tinha nenhumas”, disse o selecionador nacional. “Fizemos uma primeira parte muito boa, com muitas variedades do jogo e sempre com o controlo. Ao intervalo, podíamos ter acabado a primeira parte com mais golos. Disse ao intervalo para fazermos mais golos, que se fizéssemos o terceiro ou quarto golo podíamos ficar mais descansados para o próximo jogo”, acrescentou.