A portuguesa Patrícia Mamona, já qualificada para o triplo salto nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, garantiu esta sexta-feira que vai trabalhar o máximo para chegar ao Japão em condições de disputar um lugar no pódio.

“Eu não gosto muito de conformismo. Foram sensações espetaculares [ao garantir as medalhas de ouro e de prata nos Europeus de 2016 e 2012, respetivamente] que, obviamente, quero repetir. E o ambiente olímpico é o topo do topo de todas as competições, acho que a sensação não vai ser igual. Deve ser, em princípio, melhor. Nunca a senti, mas estou à procura desse tipo de emoções. Vou trabalhar para que esse momento seja mais possível de acontecer”, afirmou a atleta do Sporting.

Patrícia Mamona, que falava no âmbito do programa “Desportistas no Palácio de Belém”, promovido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu que o facto de ter habituado os portugueses a bons resultados nos eventos internacionais implica uma pressão extra.

“Hoje em dia tenho muita pressão. Quando comecei a fazer o triplo [salto] e a ganhar os nacionais era muito pessoal, mas agora estou a representar Portugal, estou a representar uma bandeira. Tenho uma responsabilidade de representar-vos naquela competição, e obviamente que quero fazê-lo da melhor maneira“, sublinhou perante uma plateia de 62 alunos e nove professores do ensino secundário de Lisboa, Mação e Vila Flor.

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E acrescentou: “Já não é só pessoal, é uma responsabilidade porque acho que vocês vão ficar tão orgulhosos de terem uma atleta do vosso país, e verem a vossa bandeira nas televisões, especialmente agora, nesta fase que vão ser os Jogos Olímpicos. Toda a gente quer que os portugueses tragam medalhas. E essa responsabilidade acrescida ajuda-me a dar sentido àquilo que eu estou a fazer“.

Mesmo que não consiga alcançar as medalhas em Tóquio, Mamona disse que vai ficar realizada caso sinta que deu o máximo.

“Se eu souber que dei o meu melhor, e que o meu melhor, independentemente do resultado, foi o meu esforço máximo, eu acho que vocês também deviam estar orgulhosos”, assinalou.

De resto, Mamona assegurou que é uma mulher que gosta de desafios, e que não se acomoda com os feitos passados, estando sempre pronta para novos desafios.

“Eu acho que, se um dia ganhar uma medalha olímpica, vou ficar contente, muito contente, nesse dia. Mas, provavelmente, no próximo dia, vou voltar à normalidade e perguntar: ok, o que vem a seguir”, lançou.

Sobre os apoios dados em Portugal aos atletas de alta competição, a saltadora considerou que ainda há muito a fazer, sobretudo, em comparação com as maiores potências do atletismo, mas que há passos dados no bom sentido.

“Felizmente temos casos de sucesso como, por exemplo, o meu. Mostrei como funciona o sistema nos Estados Unidos a nível escolar e a nível desportivo, e trouxemos um bocado disso em Portugal. Hoje em dia, estamos a evoluir. Não estamos ao nível de outros países, como por exemplo os EUA, mas estamos no caminho certo. Acho que ainda precisamos de muito apoio, mas estamos a caminhar no sentido certo“, reforçou.

Questionada pelos jornalistas, sobre a exclusão do triplo salto da Liga de Diamante, Mamona criticou a decisão.

“Acho que a justificação é fútil, não foi uma boa justificação. Se calhar, a modalidade nalguns países nem é conhecida, mas o triplo salto é extremamente conhecido em Portugal, temos dois campeões da Europa, temos campeões olímpicos, e acho que os portugueses estão a par do triplo salto. Existem outros países em que o triplo salto é a modalidade ‘número um’. Mas a IAAF e a Diamond League decidiram tirar esses quatro eventos, por razões que eu acho que são fúteis, e estou contra, obviamente”, assinalou.

Segundo a atleta, com esta decisão, estas entidades “estão a tirar a riqueza do desporto, ainda para mais, do atletismo, que é suposto ser uma modalidade que engloba tudo, engloba todos, engloba a união, e é isso que faz do atletismo uma disciplina bastante rica”.

Quanto à sua deslocação ao Palácio de Belém, para contar a sua experiência enquanto atleta profissional aos mais novos, Mamona mostrou-se bastante satisfeita.

“Estou extremamente contente. Tive o prazer de partilhar a minha história e acho que muitos dos alunos que estavam presentes ficaram bastante inspirados. Também foi um momento para expressar a minha opinião sobre alguns problemas, ou sobre alguns temas que podem ajudar Portugal, a nível desportivo, a evoluir”, afirmou.

Por seu turno, Marcelo Rebelo de Sousa fez uma curta intervenção na iniciativa, deixando rasgados elogios à atleta de 30 anos e antecipando uma boa prestação da mesma nas Olimpíadas.

“Têm aqui alguém que honra e prestigia imenso Portugal. É um exemplo. Aproveitem bem, perguntem bem, porque é uma ocasião única que têm. Veem-na na televisão, veem-na às vezes no estádio, e vão vê-la ótima no ano que vem no Japão”, antecipou o presidente.