O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, disse esta sexta-feira que orientou as Forças de Defesa e Segurança para capturarem os autores dos ataques armados que já provocaram a morte de pelo menos 10 pessoas no Centro de Moçambique.

“Todos dizem que não estão envolvidos. Já que ninguém quer assumir [os ataques], nós orientamos as Forças de Defesa para perseguir essas pessoas para que sejam responsabilizadas”, disse Filipe Nyusi.

O Presidente moçambicano falava durante um comício na vila de Gorongosa, na província de Sofala, onde inaugurou novas infraestruturas.

Para o chefe de Estado, os desafios que se apresentam no atual contexto moçambicano não deixam espaço para novos conflitos, cujas consequências afetam também os países vizinhos de Moçambique. “Os nossos vizinhos passam por estas estradas e pagam ao país por isso. Não há mais espaço para guerra aqui e nós não podemos passar toda a vida nisto “, referiu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nyusi lembrou ainda que a Lei da Amnistia, aprovada este ano para evitar responsabilizações criminais sobre atos cometidos entre 2014 e 2016, como resultado do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado a 6 de agosto, não vai cobrir novos crimes.

A Lei da Amnistia é para trás e não para frente. Por isso, vamos perseguir, apanhar e responsabilizar criminalmente estas pessoas porque este é o momento de trabalhar e isso só é possível com paz”, concluiu.

Os ataques armados contra viaturas na Estrada Nacional Número 1, no centro de Moçambique, já provocaram pelo menos 10 mortos e as autoridades têm responsabilizado guerrilheiros da Renamo pelo que permanecem na zona, alguns dissidentes da organização, enquanto o principal partido da oposição nega o envolvimento.

O mesmo tipo de violência naquela região aconteceu em 2015, em período pós-eleitoral, quando Afonso Dhlakama (antigo líder da Renamo) rejeitou a vitória da Frelimo, mas negando o envolvimento nos confrontos.

Desta vez, o cenário é ainda mais complexo depois de, em junho, um número incerto de guerrilheiros da Renamo chefiados por Mariano Nhongo se terem revoltado contra o líder do partido, Ossufo Momade, ameaçando desestabilizar a região.

No entanto, em contactos pontuais com a Lusa e outros órgãos de comunicação social, Nhongo tem negado serem os seus homens os autores destes ataques.